Neste dia 12 de julho, quando o deputado federal Júlio Redecker completaria 55 anos, o país amanheceu com a notícia de que três pessoas foram indiciadas pela tragédia com o airbus da TAM, ocorrido no início da noite do dia 17 de julho de 2007. Júlio Redecker, então líder das minorias na Câmara dos Deputados, era um dos 199 passageiros que morreram na tragédia.
O filho do parlamentar, Lucas Redecker – também deputado estadual -, lamentou que tenham sido necessários quatro anos para que fossem apontados os culpados. “Mesmo diante da demora, é um alívio saber que os culpados estão sendo responsabilizados pelo que aconteceu. Isso não vai trazer o meu pai de volta nem amenizar a dor e a saudade que sentimos, apenas diminuir o sentimento de injustiça que temos até o momento”, disse Redecker.
Diretora da Anac está entre os denunciados
O Ministério Público Federal em São Paulo ofereceu denúncia (acusação formal) na segunda-feira (11) responsabilizando criminalmente três pessoas pelo acidente com o voo 3054 da TAM. A denúncia atribui a Denise Abreu, ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), e a dois diretores da TAM a responsabilidade por ter exposto a aeronave a perigo. Os diretores são Alberto Fajerman (então vice-presidente de operações) e Marco Aurélio dos Santos de Miranda e Castro (então diretor de segurança).
Denise Abreu, que perdeu o cargo em meio à crise provocada pela tragédia, é acusada de imprudência por ter liberado a pista de Congonhas para pousos mesmo sem o grooving, as ranhuras que facilitam o escoamento da água em dias de chuva, e sem ter feito “inspeção, após o término das obras de reforma, com o fim de atestar a sua condição operacional em conformidade com os padrões de segurança aeronáutica”.
A denúncia também afirma que, em fevereiro de 2007, Abreu garantiu à juíza responsável por um processo que pedia a interdição da pista de Congonhas que havia uma norma (IS-RBHA 121-189) que restringia a operação de aeronaves com sistema de freio inoperante.
“Se de fato fosse válida, a aeronave Airbus ver-se-ia impedida de pousar na pista principal do aeroporto de Congonhas no dia 17 de julho de 2007, evitando-se, assim, a morte de 199 pessoas”, afirma o procurador da República Rodrigo de Grandis, responsável pela ação.
Já em relação aos então diretores da TAM, a Procuradoria os acusa de serem negligentes por terem permitido que os aviões da empresa pousassem em Congonhas mesmo sabendo das condições da pista em dias de chuva.
Castro ainda é acusado de não ter informado os pilotos sobre a mudança no procedimento de operação com o reversor do Airbus A320. No momento do pouso, um dos manetes do avião estava na posição errada – os dois deveriam estar na posição reversor, que facilita a frenagem, mas um permaneceu acelerando.
Saiba mais
Na noite chuvosa de 17 de julho de 2007, um Airbus da companhia TAM não conseguiu aterrissar no aeroporto de Congonhas, atravessou a avenida Washington Luís e bateu contra um galpão da própria empresa. No total, 199 pessoas morreram.