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A situação do sistema energético na região Centao-Sul e as prioridades da comunidade regional nesta área foram tema de reunião, na tarde desta quarta-feira (10), na sede da Ulbra, em São Jerônimo. O encontro faz parte do ciclo de reuniões que estão sendo realizadas no interior do Estado pela Secretaria de Minas e Energia (SME), visando a preparação do Plano Energético do RS.

Redecker afirmou que a SME está atuando para evitar o fechamento da usina da Tractebel em Charqueadas, cujo encerramento das atividades está previsto para o fim de 2015. “Nós estamos, em conjunto com as prefeituras e a própria Tractebel, tentando sensibilizar a Annel e o Ministério de Minas e Energia, para que o prazo de vigência da nova resolução da Aneel seja estendido, dando condições à empresa para se readequar”, afirmou. Em outra frente, disse o secretário, a SME está em tratativas avançadas com a Transgás, empresa americana e que deverá instalar dois empreendimentos no RS, um em Candiota (gás e fertilizantes a partir do carvão) e outro em Minas do Leão (geração de energia a partir do carvão mineral). “Esta semana realizamos uma vídeo conferência com a Transgás, inclusive as amostras de carvão solicitadas já foram enviadas para os Estados Unidos”, garantiu.

O vice-presidente do Corede Centro-Sul, Álvaro Werlang fez um apelo pela valorização do carvão na matriz energética do RS. “O carvão foi desmerecido em relação a outros energéticos. Por que não dar uma maior utilização a ele? Precisamos do Plano Energético e de apoio para sobrepor essa fase difícil de forma rápida”, afirmou. Conforme ele ainda, há expectativa de que o polo naval se reerga e a demanda de energia é estratégica para essa retomada. “A saída está em mostrarmos esse potencial em energia que temos disponível”, afirmou, referindo-se ao uso do carvão mineral.

Para o presidente da Associação dos Municípios da Região Carbonífera e prefeito de Arroio dos Ratos, José Carlos Azeredo, a região não está preparada para perder mais este investimento – referindo-se a usina da Tractebel, em Charqueadas. “Estamos buscando apoio onde ele estiver, para que não percamos mais nada. O país precisando de energia, enquanto nós estamos perdendo uma usina que produz um volume de energia respeitável. A energia mais cara é aquela que não existe”, afirmou. Já a prefeita de Minas do Leão, Silvia Lasek, afirmou que a região e suas lideranças tem aceitado passivamente a perda de recursos e investimentos. “Somos acomodados e aceitamos calmamente tudo o que nos foi imposto. É o momento de se olhar para esta região de outra forma”, enfatizou.

O vice-prefeito de Charqueadas, Edilon Lopes, afirmou que, se for confirmado o fechamento da usina da Tractebel, deverão ser perdidos mais 2500 empregos. “A região está sofrendo e está angustiada. Precisamos garantir também o que foi construído no passado”, disse ele. Já o ex-prefeito de General Câmara, Paulo Roberto Rame, pediu à secretaria que faça um estudo sobre a possibilidade de instalação de duas turbinas junto à barragem de Amarópolis, o que poderia ocasionar “a geração imediata de mais energia”.

O diretor-administrativo da CRM (Companhia Regiograndense de Mineração), Ricardo Guimarães, disse que 90% das reservas de carvão mineral do país estão no RS. Recentemente, disse, a produção em Minas do Leão saltou de 8 mil toneladas para 12 mil toneladas de carvão e a expectativa é de que até o fim do ano a produtividade alcance as 20 mil toneladas. “Precisamos, planejar, agir e trabalhar. O carvão é uma realidade e a CRM está envidando todos os esforços para usar essa riqueza abundante no Estado e para transformá-la na alavanca do desenvolvimento dessa região”, afirmou.

Sobre o Plano Energético

O Plano Energético do RS é um estudo que vai projetar a demanda de energia e os gargalos que precisam ser enfrentados para que tenhamos um abastecimento de energia continuado e de qualidade ao longo da próxima década. Mais do que isso, vai deixar claro onde está o potencial para a geração de energia no Rio Grande do Sul e quais os energéticos que podem ser melhor explorados.

Esse trabalho é pioneiro no Rio Grande do Sul e mais do que apontar as demandas, vai elencar as ações necessárias para um setor energético forte e preparado para atender as necessidades da sociedade.

Até o momento foram realizados cinco encontros de 17 previstos: em Osório, Uruguaiana, Bagé, Rio Grande e São Jerônimo. A próxima reunião é nesta quinta-feira, em Camaquã.