O deputado estadual Lucas Redecker representou a Assembleia Legislativa na abertura da 39ª edição da Couromoda, nesta segunda-feira (16), no Centro de Convenções Anhembi, em São Paulo. O evento é um dos mais importantes do setor coureiro-calçadista e orienta as ações do segmento ao longo do ano.
O crescimento do mercado interno e os desafios frente ao mercado internacional foram os motes da cerimônia de abertura. Durante o evento, ficou claro que as empreitadas da cadeia calçadista para 2012 e para os próximos anos passam, obrigatoriamente, pelo fortalecimento da indústria nacional, a retomada da competitividade internacional e o crescimento do consumo interno. O consumo mundial de calçados foi de 20 bilhões de pares em 2010. Para 2025, a expectativa é de 30 bilhões de pares sejam comercializados.
Para o deputado Lucas Redecker, que é do Vale dos Sinos – uma das principais regiões calçadistas do Brasil – é consenso entre os presentes na Couromoda a necessidade de proteção às indústrias brasileiras e o combate ao dumping. “Mesmo com o descaso do governo, o consumo de calçado no Brasil cresceu mais que o PIB brasileiro, e a tendência é de que as vendas continuem aquecidas”, disse o parlamentar. Além disso, disse o deputado, a hora extra paga pelo setor calçadista, mesmo com as medidas reverberadas pelo governo Dilma, ainda é 2,5 vezes maior do que é pago na Indonésia. Para o deputado, a ausência do governador Tarso Genro e da presidente Dilma no evento, demonstra o descaso do governo do Estado e Federal em relação às graves dificuldades que o setor enfrenta no momento.
O presidente-fundador do Grupo Couromoda, Francisco Santos, frisou que a abertura da feira e da São Paulo Prêt-à-Porter marcam um momento muito importante para os dois setores – calçadista e de vestuário – que têm um papel de destaque na economia brasileira. “As mais de 3 mil marcas expositoras da Couromoda representam a vitalidade do setor e o trabalho da indústria para se manter competitiva”, salientou.
Santos destacou o crescimento do Brasil, que tem seu ponto forte nas vendas para o mercado interno. “Em 2012 o consumo interno deverá ser de mais de 85% da produção de calçados brasileira”, apontou. Contudo, a indústria calçadista mundial vive outra realidade, com o crescimento da oferta e da concorrência. O dirigente salientou o esforço que o setor coureiro-calçadista emprega para combater a concorrência com os países asiáticos.
A Couromoda, segundo Santos, é a demonstração da pujança do mercado. “Hoje somos um ‘player’ conhecido e respeitado no mundo, temos uma indústria atualizada e com um histórico de superar desafios, por isso acreditamos na retomada do bom ritmo das exportações”, avaliou, sublinhando que “um setor forte tem uma feira forte”, destacou.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Milton Cardoso, ressaltou o valor da mostra para a cadeia calçadista. “A Couromoda é uma caixa de ressonância para toda a cadeia”, frisou, demonstrando o termômetro que a mostra representa para o setor.
O ano de 2011, segundo ele, novamente colocou à prova a indústria de calçados brasileira. “O dólar a R$1,50, em média, contribuiu para que as importações crescessem 40% em valores. Mercados importantes fecharam-se e outros foram tomados por competidores”, afirmou. O executivo, contudo, destacou os destinos das exportações ampliados e os investimentos em qualidade. “O saldo da balança comercial do calçado foi de US$ 900 milhões. A prova disso é que a indústria calçadista é a terceira indústria do mundo”, ressaltou.
Por outro lado, Cardoso ressaltou a importância de se combater a concorrência desleal. O dirigente ilustrou a busca da retomada da competitividade da indústria nacional com o valor da hora extra paga aos trabalhadores do setor. No Brasil, o valor é de US$ 7,85. Uma grande marca, produzindo na Indonésia, pagou US$ 1,68 aos seus trabalhadores, sob demanda judicial. “Isso é cerca de cinco vezes menor do que o custo da hora extra no Brasil”, afirmou.
Após o ato de abertura, Redecker participou da visita aos estandes, acompanhado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do presidente da feira, Francisco Santos.
* Com informações do jornal NH