Na última sessão legislativa do primeiro semestre, realizada na quinta-feira (14), o deputado estadual Lucas Redecker manifestou-se sobre a tragédia com o voo da TAM, que no próximo domingo (17) completa quatro anos. O acidente resultou na morte de 199 pessoas, entre elas, o deputado federal Júlio Redecker, pai de Lucas Redecker.
No domingo, às 18 horas, será realizada missa na Catedral Metropolitana, em Porto Alegre, em memória das vítimas do voo JJ3054.
Confira, abaixo, a íntegra do discurso do parlamentar na tribuna da Assembleia Legislativa:
“O que me traz à tribuna não é um assunto muito agradável. No próximo domingo, dia 17 de julho, estará completando quatro anos do acidente aéreo JJ3054, que ocorreu em São Paulo, no aeroporto de Congonhas, saindo de Porto Alegre para aquele destino. Nesse acidente, 199 pessoas perderam a vida, entre elas muitos gaúchos. Eu fui um dos que sofreu com essa tragédia, pois perdi meu pai, o então deputado federal Júlio Redecker.
Esta semana, tivemos um debate na imprensa em virtude desse ocorrido, porque o Ministério Público Federal indiciou três pessoas como culpadas, e esperamos que elas sejam punidas pela Justiça. Eu e tantas outras famílias esperamos quatro anos para o Ministério Público Federal apontar os culpados. E com o sentimento não apenas de homem público, que me faz usar esta tribuna, mas como familiar de uma vítima dessa tragédia, quero que o mais rápido possível sejam tomadas atitudes por parte da Justiça para punir os culpados por esse acidente.
Diversas pessoas perderam a vida e diversas famílias e amigos perderam o convívio com essas pessoas, e isso não pode passar impune, principalmente porque muitas vezes um acidente como esse ocorre por incompetência e irresponsabilidade do governo federal, da Infraero, da ANAC e da TAM.
Dois diretores da TAM e a ex-diretora da ANAC foram indiciados, porque não tiveram a responsabilidade de fazer o básico necessário em termos de fiscalização num dos maiores e mais movimentados aeroportos do País. Era um dia de chuva, um dia perigoso, e o avião saiu com excesso de peso – inclusive o excesso de combustível ainda é uma desconfiança que guardamos – para pousar em uma pista cujas reformas ainda não estavam concluídas, a qual foi liberada pela ANAC e pelos diretores de segurança da TAM, que sabiam que o avião estava com problemas no reverso. Todos esses fatores levaram a que ocorresse o maior desastre aéreo da história da aviação brasileira.
Fico muito feliz, por um lado, por saber que essas pessoas que foram indiciadas poderão ser punidas. A justiça não trará ninguém de volta, mas certamente aliviará a dor daqueles que perderam familiares e servirá, sim, de exemplo. Precisamos ter pessoas que ocupem funções em que se responsabilizem pela segurança não apenas dos aeroportos, mas de toda a infraestrutura do Estado – ferrovias, hidrovias e rodovias; precisamos de governantes e de empresários que tenham a responsabilidade de cumprir com todas as exigências necessárias ao transportar alguém, ou seja, que levem a pessoa do seu local de origem a seu destino em segurança.
Espero que não ocorra mais o que aconteceu a diversas famílias – entre elas a minha –, de estarem esperando o seu familiar no aeroporto e nunca mais o verem, além de ficarem esperando por diversos anos que os culpados possam ser punidos. Isso não trará ninguém de volta, mas com certeza aliviará a dor de muitas famílias e servirá de exemplo para que não ocorram mais acidentes dessa magnitude no nosso País. Que nunca mais haja famílias sofrendo como as que estão sofrendo hoje com a ausência das pessoas que faleceram naquele voo.
Deixo um abraço a todos os familiares envolvidos, que, no próximo domingo, estarão reunidos em São Paulo para participar de uma missa e de um culto em memória do acidente. Na nossa Catedral Metropolitana, no domingo, às 18 horas, também haverá uma missa para marcar os quatro anos do falecimento dos passageiros do voo JJ 3054. Muito obrigado.”