O Aeródromo de Estrela, que teve os portões lacrados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em 2012, foi tema de audiência pública na tarde desta segunda-feira (23), em Estrela. O encontro foi proposto pelos deputados estaduais Lucas Redecker e Alexandre Postal e realizada através da Subcomissão de Aviação Civil, que integra a Comissão de Economia e Desenvolvimento Sustentável da AL.
Redecker afirma que o interesse turístico pela região vem crescendo. “Existem operadoras de turismo que estão criando pacotes incluindo a região. Temos que oferecer, então, a possibilidade de desembarque aéreo aqui”. Para Redecker, é impensável que uma região como o Vale do Taquari, com a pujança econômica e localização estratégica e privilegiada, não tenha uma pista de pouso para pequenas aeronaves. O parlamentar ainda destacou que todas as informações e depoimentos recolhidos no encontro darão origem a um relatório, que será enviado aos governos do Estado e federal para cobrar providências. “Há hoje um PAC em andamento relacionado aos aeroportos e queremos usar parte desses recursos para esses pequenos aeroportos, e o Vale do Taquari não pode ficar fora disso”, afirmou Redecker.
O deputado estadual Alexandre Postal alega que o governo Dilma quer priorizar os aeroportos maiores. “O que nós propomos é oferecer a Estrela um investimento no aeródromo hoje fechado, sonhando com a possibilidade de estender os recursos federais para esse fim”, destaca. O deputado Alceu Moreira, que também participou do encontro, falou que é preciso deixar a retórica de lado e reunir as lideranças e representantes da região em torno de um objetivo comum. Ele também anunciou que uma reunião está agendada com a Secretaria da Aviação Civil, nesta quarta-feira, para tratar sobre este assunto.
O representante do governo, Adeli Sell, afirmou que estava no encontro “mais para ouvir do que falar”. Afirmou que a Anac, ao invés de ser um facilitador, é muitas vezes um complicador e que todas as informações do encontro serão repassadas ao diretor Roberto Carvalho Neto, responsável pelo Departamento Aeroportuário do Estado. Ele ainda sugeriu às lideranças que façam pressão sobre os entes responsáveis, pois só assim a comunidade poderá chamar a atenção para a sua demanda.
Segundo o secretário municipal de Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Marco Wermann, o aeródromo de Estrela está fora do “radar” da aviação nacional. A pista de 570 metros permite pousos e decolagens de pequenas aeronaves, mas não pode operar porque a área é interditada. “É preciso que se faça o zoneamento da pista e o entorno. Esse mapa vai ser incluído no Plano Diretor do município e delimitar o que pode estar perto ou não do aeródromo”, explica. Segundo ele, antes de ampliar a pista para os sonhados 900 ou mil metros será preciso colocá-la no “radar”.
Outro ponto é no próprio terreno. O lote foi doado há muito tempo ao governo do Estado, vinculando o aeródromo ao Departamento Aeroportuário – que está em extinção. “É preciso que essa responsabilidade passe para a Casa Civil, com a aprovação da Assembleia, para que o lote retorne ao município.” Depois de tudo isso, Wermann espera uma parceria público-privada para reativar o local.
Durante o período das manifestações, o aviador Carlos Roni Matte afirmou que mantém um hangar junto ao aeródromo fechado. Conforme ele, enquanto a pista funcionava, voos regulares saíam de Estrela. Ele mesmo chegou levar, até três vezes por semana, empresários para diferentes regiões. “Eram voos para o Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo”, recorda Matte. “Uma pista de pouso e decolagem é a porta aberta para o mundo dos negócios”, acrescenta. O aviador explica que, com os 570 metros – já asfaltados – em funcionamento, uma aeronave de até 12 passageiros passa com folga pela pista. “O ideal seriam mil metros, porque o aeródromo de Estrela está no nível do mar, isso facilita bastante seu uso”, explica.
Do setor empresarial, manifestou-se Pedro Antônio Barth, representante da Câmara de Indústria e Comércio. Ele afirmou que o Vale do Taquari é reconhecido por sua capacidade de trabalho o que, consequentemente, rende altos impostos para o Estado. “Esse Vale do Taquari é um grande produtor, mas não recebe de volta aquilo que produz. Por isso, é um vale esquecido. Estamos atrasados e como estamos atrasados. Temos que ter gestão, ser mais rápidos e não ficar apenas nas palavras”, afirmou.