O pai

Nossa mão pequena
em sua mão
Semente no fruto,
ou fruta em seu cacho.
Nossos brinquedos
cabiam
em seus sapatos.
O pai tem gestos brandos
e olhar incisivo.
Quando o pai sorri,
o sol se impõe
sobre a neblina.
O pai não teme a treva
nem os barulhos
do pátio.
Na ausência do pai,
As portas têm tramelas.
O pai é o pai
O pão e o vinho
Na cabeceira da mesa.
Com a camisa suada
regressa o pai
com seus humildes
presentes.
Um dia nossas mãos
sustentam o corpo do pai
que viaja sem malas
ou regresso.
Só nos resta
tomar a mão de nossos
filhos
e seguir
a trilha curva do tempo.

Poesia de Luiz Coronel