Em sua primeira agenda pública de 2012, o senador Aécio Neves (PSDB) fez questão de atacar a sanção do projeto de lei que regulamenta mais recursos para a Saúde, dentro da chamada emenda 29, em vigor desde o ano 2000 e regulamentada no final do ano passado.
“O governo federal perdeu uma extraordinária oportunidade de dar uma contribuição efetiva para a melhoria da qualidade da Saúde Pública no Brasil. O Governo Federal virou as costas para a Saúde”, afirmou o senador depois de reunir-se com o governador Antonio Anastasia (PSDB), no Palácio Tiradentes, sede do poder executivo na capital mineira.
O tucano condenou especialmente a não aplicação de duas propostas. Uma, envolvendo uma emenda do senador Tião Viana (PT-AC), que previa investimento de 10% da receita da União em Saúde, tornou a medida “inócua”, segundo Aécio. Esta medida foi vetada no ano passado, quando o projeto de lei foi aprovado no Congresso Nacional. Outra medida foi vetada por Dilma Rousseff (PT) e diz respeito à reavaliação do Produto Interno Bruto (PIB) a fim de acertar o percentual aplicado na Saúde.
Para o senador, “era absolutamente natural que o governo federal pudesse investir pelo menos 10% de sua receita na Saúde”, uma vez que vem mantendo um crescimento constante na sua arrecadação. O tucano disse que, enquanto Estados e municípios vem tentando se adequar à Constituição, que determina aplicação de 15% na área, a União faz caminho inverso.
“Municípios aplicam 20% e Estados 12%. Enquanto Estados vêm se adequando, a União faz o contrário. Nos últimos 10 anos, vem caindo o investimento da União na Saúde. Não há um esforço solidário do governo federal.”
As críticas de Aécio se somam às do ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) que, pelo Twitter, atacou a nova medida do governo federal. “Pelo projeto do Congresso, se o PIB utilizado para calcular gastos mínimos federais fosse subestimado, haveria correção. Dilma vetou isso”, postou.
E seguiu nas críticas: “Se o governo segurar gastos de Saúde para fazer caixa e faturar juros, esse $ devia ficar ara Saúde. Com o veto, esse $ não fica para Saúde. Esses vetos distorcem o espírito da emenda 29 que foi aprovada pelo iniciativa do governo FHC, quando eu era ministro da Saúde.”
Já o governador Anastasia, questionado sobre a nova medida do governo Dilma envolvendo recursos para a Saúde, preferiu não criticar, limitando-se a dizer que o governo revisará cálculos para cumprir a nova lei federal. Ele também disse que o objetivo é não somente cumprir a lei, mas promover as melhorias na Saúde.
“Vamos refazer cálculos orçamentários, ver aquilo que vai ser necessário. Claro que o cumprimento da lei é sempre nossa determinação e vamos identificar na Secretaria de Saúde quais são os desdobramentos juntamente com o Tribunal de Contas”, afirmou Anastasia sobre o assunto