Até o fim de 2016 a Secretaria de Minas e Energia e a Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás) devem apresentar aos gaúchos o Atlas do Biometano. O trabalho consiste em apontar quais são os resíduos mais propícios à produção do biogás (matéria-prima do biometano) e em que regiões essas matérias-primas se encontram.

“Nossa intenção é fazer com que esses dejetos, que muitas vezes não tem um descarte adequado, sejam transformados energia/combustível mas, principalmente, se convertam em desenvolvimento para várias regiões do Rio Grande do Sul”, ponderou o secretário de Minas e Energia, Lucas Redecker. Depois de pronto, destaca o secretário, o Atlas também será uma espécie de cartão de visitas para futuros investidores. “Essa iniciativa é pioneira no país, assim como o Programa Gaúcho do Biometano, e vai permitir que o Estado conheça as suas potencialidades nessa área e contribuir para a elaboração de políticas públicas de incentivo à produção de energias limpas e renováveis”, afirmou.

De acordo com o secretário ainda, o biometano é a melhor alternativa no curto prazo para promover a interiorização do gás e atender à crescente demanda do Estado. “A ideia é produzir um volume próximo do consumo, reduzindo custos de distribuição. Será um gás canalizado, com a mesma composição química do gás natural, porém produzido e distribuído localmente”, destaca.

Já o presidente da Sulgás, Claudemir Bragagnolo, acredita que esse mapeamento vai possibilitar também o atendimento a regiões que ainda não contam com o gasoduto. “A produção e distribuição de energia descentralizada são a grande contribuição que a Sulgás está proporcionando para o desenvolvimento do Estado. Além de disseminar a cultura do uso do gás natural, o atlas e o programa vão estimular o desenvolvimento regional e promover a atração de investimentos”.

O trabalho de pesquisa e levantamentos técnicos está sendo realizado pela Univates, de Lajeado, sob a coordenação do professor Odorico Konrad. Conforme ele, a coleta de dados vem sendo realizada desde a metade de 2015 e busca conferir onde estão concentradas as maiores biomassas do Estado. “Há programas que simulam a produção de biogás em cima da biomassa existente. Com a quantidade e o tipo de biomassa, é possível mensurar a produção de biogás no Estado”, explica.

O apoio técnico é realizado pelos engenheiros ambientais Marildo Guerini Filho e Marluce Lumi, diplomados pela Univates. Conforme Guerini Filho, estudos como esse possibilitam a participação de energia renovável na matriz energética do país. Na área ambiental, o diplomado explica que esse estudo vem ao encontro do conceito de desenvolvimento sustentável, suprindo as necessidades das gerações atuais sem comprometer as necessidades das gerações futuras. “Estamos trabalhando com o desenvolvimento de uma energia que não esgota seus recursos para o futuro, por isso chamamos de energia renovável e limpa”, explica.

Os locais visitados são agroindústrias, aterros sanitários e estações de tratamento de efluentes domésticos. A indicação dos locais com potencial serve para que mais investidores sejam atraídos para a produção de biogás.

Programa Gaúcho do Biometano

O Programa Gaúcho do Biometano é uma iniciativa em conjunto pela Secretaria de Minas e Energia e Sulgás, e tem dois objetivos importantes: 1. Levar o gás para regiões não atendidas por gasoduto, especialmente o interior do RS; e 2. Estimular a conversão de dejetos orgânicos resultantes do agronegócio em energia. Para tanto, a Sulgás lançou chamada pública na metade do ano de 2015 para selecionar aqueles projetos aptos a produzir o biometano, dando garantia de aquisição da matéria-prima por um prazo de 20 anos. Com a iniciativa, espera-se que os produtores possam ter uma fonte de renda alternativa ou até mesmo gerar a energia para o próprio consumo. Uma linha de financiamento está sendo providenciada junto ao Badesul para dar suporte a quem deseja investir neste segmento.

Biomassa

A biomassa é a principal matéria-prima para o biogás. É considerada um resíduo sólido, sendo encontrada de diversas formas, tais como: restos de alimentos, resíduos de madeira, palha do arroz, bagaço da cana de açúcar, esterco de animais e entre outras formas. A biomassa é a matéria orgânica que pode ser utilizada como recurso energético a partir de diferentes processos, como o biogás por queima, biogás por decomposição e biocombustíveis por extração e transformação.