Desprezado por décadas por causa do rótulo de poluidor, o carvão mineral gaúcho nunca recebeu investimentos proporcionais a grandiosidade de suas reservas no RS. Até recentemente! Pela primeira vez estamos muito próximos de implantar um complexo carboquímico em solo gaúcho. Os investimentos previstos são de US$ 4,4 bilhões, com capacidade de beneficiamento de 3,5 milhões de toneladas/ano e produção de 2 milhões de metros cúbicos de gás/dia. Um feito tão importante quanto o Polo Petroquímico, responsável por 95% da arrecadação de Triunfo e 3,5% do ICMS do Estado.
Essa é uma oportunidade única, pois acena com a possibilidade de devolver os empregos perdidos na extração e beneficiamento do carvão. Além do mais, a integração de toda a cadeia produtiva em solo gaúcho pode ser benéfica para a agricultura, um dos setores mais importantes da nossa economia. Hoje o Estado consome mais de 3 milhões de toneladas de fertilizantes por ano, grande parte deles importados. Fabricados aqui, vão diminuir os custos de produção e gerar mais crescimento, sem contar a produção de outros subprodutos, como combustíveis. O GNS (gás natural sintético), por exemplo, tem condições de suprir a oferta diária de gás natural do RS, hoje de 2 milhões de metros cúbicos/dia, mas com demanda reprimida e em expansão.
Convém destacar que o modelo de usina térmica poluente está superado. Tecnologias como a Ultra Super Crítica (USC), por exemplo, aumentam a eficiência do carvão e reduzem a emissão de poluentes. Conheci essa inovação na Alemanha e no Japão, por ocasião de visitas a investidores, e é isso que estamos buscando para o RS, um modelo de desenvolvimento econômico e social aliado ao cuidado com o meio ambiente.
Os exemplos de como o carvão pode ajudar o RS são inúmeros, mas o importante é deixar claro que não devemos virar as costas para essa riqueza, ainda mais quando batem à nossa porta as oportunidades. Temos a chance de criar o desenvolvimento que tanto almejamos, basta aproveitarmos a ocasião.
Lucas Redecker
Deputado estadual e ex-secretário de Minas e Energia do RS