O Mercosul deixou de ser atraente para o Rio Grande do Sul depois que a Argentina resolveu implementar uma política de substituição de importações, em nome de uma suposta proteção à industria local. Essa decisão do governo Cristina Kirschner simplesmente não faz sentido e é um retrocesso, porque não respeita os compromissos anteriormente assumidos pelo país com o bloco econômico.
Os dados preocupam, por que desde o dia 1º de fevereiro, 79% das exportações brasileiras ao país vizinho estão afetadas pela medida. A relação é especialmente desigual com o Rio Grande do Sul, que ainda hoje tem 3 milhões de pares de calçados retidos na fronteira, enquanto o ingresso de veículos e derivados de lácteos no RS, por exemplo, cresce numa escala inversamente proporcional.
É fato notório que o setor coureiro-calçadista está isolado dentro do contexto econômico brasileiro e em 2011, a resistência do segmento foi novamente colocada à prova. Com o dólar beirando a casa dos R$ 1,70, as importações cresceram em torno de 40%. A isso soma-se a triangulação dos calçados chineses em países asiáticos e a velha e conhecida guerra fiscal entre os Estados. Enquanto no Rio Grande do Sul se paga 12% de ICMS, Estados do Nordeste não cobram nada das indústrias locais. Em Santa Catarina, a alíquota foi diminuída para 3%.
Parece lógico que é interesse de um governo proteger a sua indústria e tudo o que ela representa para a sociedade. Entretanto, fora a mobilização da iniciativa privada, não vejo ações concretas de nenhum dos governos, nem estadual e federal, no sentido de buscar uma solução para o problema.
De acordo com a Fundação de Economia e Estatística (FEE), entre janeiro e novembro de 2011, foram exportados US$ 1,81 bilhão para a Argentina. Então, faz-se necessário – e é urgente – que o governo do Estado e Federal deixem de lado a retórica e assumam um papel de protagonista nas negociações com o país vizinho, sob pena de termos uma catástrofe econômica se essa redução drástica nas exportações gaúchas se confirmar.
Lucas Redecker
Líder da Bancada do PSDB na AL