O ponto alto no que diz respeito às parcerias público-privadas (PPPs) em 2012 foi o fato de que a expressão passou a ser incorporada nas agendas de diversas políticas públicas do governo federal que pretendem gerar desenvolvimento econômico e social por intermédio de investimentos realizados pela iniciativa privada em mercados intermediados por contratos de longo prazo com poder público.
Talvez isso possa parecer pouco para alguns, mas parece-me que a mudança foi bastante relevante. Até agosto de 2012, as PPPs (e me refiro aqui aos contratos de concessão administrativa e patrocinada) não faziam parte do discurso do governo federal e, quando do anúncio do Programa de Investimentos em Logística, houve a sinalização de que a União pretende recorrer às PPPs para a realização de investimentos focados na ampliação da capacidade de transporte de carga por ferrovias.
Houve também menções às PPPs como possível modalidade de prestação de serviços públicos em outros setores de competência da União: aeroportos, portos, rodovias, irrigação, equipamentos culturais, defesa (área fim e área meio) e parques nacionais.
Adicionalmente, o governo federal realizou o concurso para a contratação de 149 analistas de infraestrutura, foi publicada a Medida Provisória nº 575/2012 (assim como foi promulgada a Lei Federal nº 12.712/2012, que estabelece a possibilidade de que Agência Brasileira Gestora de Fundos e Garantias S.A. retenha alguns riscos decorrentes de projetos de PPPs de Estados e do Distrito Federal), o Ministério das Cidades iniciou a seleção de projetos no âmbito de programa de financiamento de concessionárias de saneamento básico (Saneamento para Todos – Setor Privado), assim como o mesmo Ministério divulgou a intenção de alocar recursos federais em projetos de PPPs para a construção de linhas de metro em âmbito estadual.
Do ponto de vista dos pontos negativos, a União pecou ao “bombardear” as licitantes vencedoras dos leilões dos aeroportos federais (como se os editais e as regras do processo competitivo, assim como a qualidade dos contratos e da regulação decorrente, tivessem sido estabelecidos por outros, que não a própria União); flertou com a incoerência ao defender o tratamento multimodal da infraestrutura logística federal e divulgar inicialmente um plano de investimentos para dois dos setores envolvidos (rodovias e ferrovias, deixando para depois as hidrovias, os portos e os aeroportos); na medida em que divulgou um plano de investimentos de R$ 133 bilhões com base em 60 telas de power point [1], desincumbiu-se apenas parcialmente do dever de argumentar sobre decisões estratégias para o país e sobre a alocação de recursos orçamentários escassos; e, por fim, pretendeu implementar a redução das tarifas de energia de modo, no mínimo, desorganizado quanto às interações e ao diálogo com a iniciativa privada interessada.
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