Novo Hamburgo – A Argentina deve cerrar ainda mais as fronteiras para a entrada de produtos estrangeiros. Invocando a filosofia de defesa da produção local e também para manter sua balança comercial saudável, o governo Cristina Kirchner está seguindo à risca a política de tolerância zero às importações. Seguindo este caminho de intensificar as restrições, vem se reunindo com setores industriais para definir um “menu protecionista”, o que engrossará o extenso universo de artigos que já contam com algum tipo de medida protecionista.
De acordo com o site argentino iProfesional.com, cerca de 25 câmaras empresariais já tiveram ou terão encontros nos próximos dias com a secretária de Comércio Exterior, Beatriz Paglieri, e a ministra de Indústria, Débora Giorgi para sugerir quais medidas protecionistas que mais se ajustam às suas necessidades. As medidas devem afetar a produção brasileira, que tem o país vizinho como um dos principais compradores.
Mais aperto ao calçado
O setor calçadista brasileiro deve ser mais uma vez abalado pelas restrições argentinas. Em recente encontro com a secretária de Comércio Exterior, Beatriz Paglieri, os fabricantes de sapatos locais voltaram a solicitar que o governo retome a limitação ao ingresso de calçados com selo brasileiro. Neste caso, eles estão se referindo ao acordo que estava em vigor nos últimos três anos e que permitia ao Brasil a exportação de 15 milhões de pares por ano.
O acordo de cotas de exportação do sapato Made in Brazil expirou em 31 de dezembro e até agora não houve movimento por parte das associações que representam o setor no Brasil e na Argentina (Abicalçados e Câmara da Indústria do Calçado, respectivamente) para começar a discutir o assunto.
PROBLEMAS
No ano passado, a Argentina intensificou às travas aos calçados brasileiros – são cerca de 3 milhões de pares que ainda não conseguiram entrar no país – e a partir de 1o de fevereiro, os importadores também terão que declarar antecipadamente suas compras ao governo K antes de realizar qualquer operação de importação.
CORRENTE COMERCIAL
A corrente de comércio entre Brasil e Argentina registrou, em 2011, recorde de US$ 39,6 bilhões – aumento de 17% em relação a 2010. O saldo comercial foi positivo para o Brasil em USS 5,8 bilhões – aumento de 41% ante 2010.
A Argentina é o segundo principal comprador do Rio Grande do Sul, atrás apenas da China. Segundo dados da Fundação de Economia e Estatística (FEE), entre janeiro e novembro de 2011 foram exportados US$ 1,81 bilhão, em uma participação de 10,04%. Em 2010 haviam sido exportados no mesmo período US$ 1,48 bilhão, representando 10,49% das exportações.
Espera até regras vigorarem
O governo brasileiro vai esperar entrar em vigor a exigência de informações prévias sobre todas as importações de bens de consumo impostas pela Argentina para iniciar as negociações com o governo vizinho. Mas de acordo com dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), 79% das exportações brasileiras devem ser afetadas com a exigência da declaração antecipada. “Estamos preocupados com esta realidade”, disse o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.
Adiamento está descartado
Apesar dos pedidos de empresários argentinos, o adiamento das novas regras para importação não deve vingar. O secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno já reiterou que o sistema será aplicado de maneira “automática”. Em reunião com representantes do setor importador da Argentina, os titulares da Receita Federal, Ricardo Echegaray, e da Aduana, Siomara Ayerán, já adiantaram que cada declaração será analisada no prazo máximo de 10 a 13 dias.
fonte: jornal NH