A Câmara dos Deputados colocou em pauta, recentemente, dois assuntos que são extremamente sensíveis à população brasileira e que você já deve ter ouvido falar muito nos noticiários. Um deles é o chamado “distritão”, cuja proposta foi rejeitada, felizmente. O outro é a volta das coligações partidárias nas eleições proporcionais para vereadores, deputados estaduais e federais. Esta PEC foi aprovada e agora vai ao Senado. A verdade é que ambos temas, os quais votei contra, representam uma perda significativa de credibilidade para o parlamento, que com isso pretende apenas salvar a própria pele, na contramão dos interesses da nação e da boa política.
Estamos tratando aqui da falta de oportunidade para pessoas que querem entrar na política, pois os partidos pouco priorizarão os líderes regionais, de segmentos e jovens que não foram testados anteriormente pelas urnas. Dessa forma, estarão optando pela fama pessoal, e não pelo talento necessariamente. O distritão implicaria eleger somente políticos mais votados, vetando a proporcionalidade nas legendas e estimulando candidaturas individuais, digamos assim.
E a possível volta da formação das coligações, permite a união de agremiações em um bloco único, favorecendo as “siglas de aluguel”, que não defendem uma ideologia específica e sim um jogo de interesses, cuja articulação política é sustentada apenas na base do “toma lá, dá cá”, de caráter meramente eleitoreiro. Isso faz com que o eleitor corra o risco de votar em um deputado e ajudar a eleger outro, de uma sigla com ideologia diferente.
Muitos parlamentares estão, quem sabe, querendo salvar a própria pele para que, assim, sejam escolhidos pelos partidos políticos que representam. Ou seja, na prática, essas propostas favorecem a reeleição ou candidaturas que sejam menos ideológicas, mas que tenham mais visibilidade adquirida anteriormente, como no caso de artistas ou pessoas famosas.
Desta forma, não teremos a condição da estruturação política de um candidato que esteja atuando forte nas bases, trabalhando legitimamente na articulação, escutando as comunidades, os municípios, para que possa representar e lutar por aquela região em seu mandato.
O distritão e a volta das coligações na proporcional representam a deslegitimação dos partidos políticos, da ideologia própria, da representatividade e da pluralidade. É um retrocesso imenso para a política brasileira e um exemplo de incompetência para o parlamento, que – mais uma vez – quer mudar todo regramento político às vésperas das eleições para beneficiar e perpetuar nomes.
Não ao distritão. Não à volta das coligações na proporcional. Precisamos de um regime eleitoral que avance e não de um que retroceda.