Está agendada para o próximo dia 28 de junho, em Brasília, reunião que poderá definir o futuro das atividades da Usina Termelétrica (UTE) de Charqueadas, de propriedade da Tractebel. A decisão foi tomada na tarde de ontem (13), durante reunião do secretário de Minas e Energia Lucas Redecker e lideranças com o ministro de Minas e Energia Fernando Coelho Filho.
Conforme Redecker, caso se confirme o fechamento da termelétrica em agosto, conforme anunciou anteriormente a Tractebel, existe a possibilidade de se encaminhar o carvão produzido em Charqueadas para uma usina de Tubarão, no estado vizinho de Santa Catarina.
O secretário propôs o cumprimento do acordo anteriormente firmado no Ministério de Minas e Energia de manter a usina funcionando até o fim do ano ou ainda em 2017, dando tempo, dentro desse período, de se buscar uma saída. “Estamos tentando, primeiro, achar uma alternativa para este problema, mas também propondo um debate e solução de longo prazo, pois há carvão disponível e temos que encontrar uma forma para gerar energia naquela região”. Outra alternativa defendida por Redecker é a realização de leilões regionais de energia.
O secretário disse que esse é mais um revés que a região sofre num curto espaço de tempo, uma vez que perdeu a usina térmica da CGTEE, que fechou em 2013 em São Jerônimo, perdeu a usina Jacuí 1 – que nunca funcionou e que é o retrato dos erros de sucessivos governos – e sofreu, mais recentemente, com o fechamento da montadora de plataformas oceânicas Iesa.
Redecker informou que a Secretaria de Minas e Energia foi surpreendida com a notícia de que a usina pararia no mês de agosto, que chegou até o órgão através de prefeitos e lideranças sindicais. “O que mais nos preocupa é a estrutura que a cadeia carbonífera gera para a região. Nós temos mais de 2.400 empregos, entre diretos e indiretos, que dependem dessa usina térmica. Nós não podemos simplesmente dispensar a usina, que está numa região que sofreu com o fechamento da termelétrica da CGTEE em São Jerônimo, bem como o fechamento do polo naval da Iesa”, argumentou Redecker.
Participaram da reunião também o diretor Administrativo da CRM, Ricardo Guimarães; o vice-prefeito de Charqueadas, Edilon Oliveira Lopes; o presidente da Nova Central Sindicato, Oniro da Silva Camilo, o vereador de São Jerônimo Rodrigo Marcolin; o prefeito de São Jerônimo, Marcelo Luiz Schreinert, o prefeito de Butiá, Paulo Roberto Feliz Machado; o presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral, Fernando Zancam, entre outros.
Entenda o caso
A UTE Charqueadas precisa se adequar às normas da Resolução Normativa nº 500, de 17 de julho de 2012, da Aneel. A medida estabelece critérios de eficiência para as usinas de energia e entrou em vigor em dezembro de 2015. Os custos desta operação é que podem inviabilizar a manutenção da UTE. A resolução aplica-se para todas as usinas beneficiárias da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), inclusive para a térmica de Charqueadas.
De acordo com a Tractebel, a termelétrica tem uma capacidade instalada de 72 MW (cerca de 2% da demanda média de energia do Rio Grande do Sul) e gera 2.400 empregos, sendo 72 diretos. No entanto, vem produzindo uma geração média de 40 MW médios a 45 MW médios, sendo lucrativa somente em alguns períodos de despacho, devido ao seu alto custo de operação. A usina de Charqueadas é uma das termelétricas mais antigas do País e começou a operar em 5 de janeiro de 1962.