A Lei nº 46/2016, que institui a Política Estadual do Biometano, foi promulgada nesta quinta-feira, 12, pelo governador José Ivo Sartori. O Programa Gaúcho de Incentivo à Geração e Utilização de Biometano (RS-Gás) pretende ampliar a oferta de gás natural para aquelas regiões que não são atendidas hoje pelo gasoduto Brasil-Bolívia, propiciando assim aos gaúchos o acesso a uma fonte alternativa de gás e energia, além de possibilitar a geração de emprego e renda. Outro aspecto importante do programa é que ele permite que os dejetos provenientes da atividade agrícola tenham um destino correto, o que muitas vezes não ocorre nas propriedades rurais.
A Sulgás estima que o Rio Grande do Sul tem condições de produzir cerca de 1,15 milhão de metros cúbicos por dia, o que corresponde a 15% da produção estadual de gás natural. Com esse incentivo, o Estado cria cenários favoráveis para a geração de biometano no RS. Para tanto, serão criadas linhas de crédito especiais para empreendimentos dessa natureza junto ao BRDE e o Badesul e criadas parcerias público-privadas para desenvolver a cadeia. Para o secretário de Minas e Energia, Lucas Redecker, o programa vai muito além da geração do biometano. “O RS-Gás será sinônimo de desenvolvimento para as regiões produtoras”, afirmou.
O programa foi concebido pela Secretaria de Minas e Energia em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT), Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMA) e Companhia de Gás do RS (Sulgás).
Entre os benefícios da produção de biometano incentivado pelo RS-Gás podemos destacar três aspectos fundamentais:
Benefícios ambientais
O Programa visa aumentar a participação de fontes renováveis na matriz, seguindo uma lógica internacional de sustentabilidade, reduzindo assim a emissão de gazes na atmosfera. A produção do biometano se dá pelo tratamento de dejetos orgânicos, o que faz com que estes não sejam depositados no solo. Além disso, o resíduo da produção pode ser utilizado para produção de fertilizantes.
Benefícios econômicos
Com a demanda de produção, naturalmente acontecerá a interiorização do gás natural, que atualmente é importado da Bolívia e se concentra nas áreas por onde passam os gasodutos. Além disso, a produção irá acelerar o desenvolvimento das regiões, não só pela geração do gás, mas pelos investimentos que podem surgir a partir dela, trazendo a fonte produtora mais próxima à consumidora. Também permitirá o aumento da produção primária, com o destino adequado dos resíduos.
Benefícios sociais
A produção do biometano pode ser uma fonte de renda extra para os produtores, gerando emprego e renda no agronegócio. Pelo projeto, o Governo poderá ainda estabelecer a adição de um percentual mínimo de biometano ao gás canalizado comercializado no Rio Grande do Sul. O secretário explica que o biogás possibilitará que alguns empreendedores rurais que têm hoje dificuldade para aumentar as produções superem esses obstáculos. Outro ponto ressaltado pelo secretário é que o biometano dará uma nova opção de abastecimento de gás ao Rio Grande do Sul, hoje dependente do gás natural boliviano, que chega na região pelo gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). Por isso, a intenção do projeto é atender principalmente aquelas regiões que não são abastecidas pelo gasoduto.
Sobre a biomassa
A biomassa é a principal matéria-prima do biogás. É considerada um resíduo sólido, sendo encontrada em diversas formas, tais como: restos de alimentos, resíduos de madeira, palha do arroz, esterco de animais. A biomassa é a matéria orgânica utilizada como recurso energético a partir de diferentes processos, como o biogás por queima, biogás por decomposição e biocombustíveis por extração e transformação.