Após quase três anos de negociações, a Braskem e a Petrobras finalmente chegaram, nesta quarta-feira, a um acordo de longo prazo para o fornecimento de nafta. Segundo a petroquímica, o contrato prevê um volume de 7 milhões de toneladas anuais do insumo por um prazo de cinco anos, passando a valer imediatamente.
O principal entrave do acordo, o preço da matéria-prima, foi fechado em 102,1% da referência internacional ARA (Amsterdã, Roterdã e Antuérpia – o custo médio da nafta nesses três grandes mercados). Os dados foram confirmados pelas duas empresas na noite desta quarta-feira.
Em nota, a Braskem afirma que, “apesar de o novo contrato não refletir integralmente as condições necessárias para garantir a competitividade da indústria química e petroquímica”, a sua assinatura era necessária para reduzir “as graves incertezas que rondam o setor, evitando a paralisação das centrais petroquímicas”. A petroquímica afirma ter proposto um acordo com uma fórmula variável entre 90% e 110% da referência ARA, mas que não foi acolhida pela Petrobras. Por conta disso, o contrato firmado prevê direito de renegociação, para ambas as partes, condicionada a ocorrências de mercado pré-determinadas, a partir de 2018.
O contrato anterior, que venceu oficialmente em 2014, sofreu cinco aditivos desde então na espera de que as duas empresas chegassem a um acordo permanente. O novo acordo já era esperado desde o último dia 15, quando venceu o mais recente dos aditivos. A expectativa havia sido externada oficialmente até pelo próprio ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, mas não se confirmou.
Segundo fontes que acompanharam a negociação, Braskem e Petrobras já haviam chegado a um princípio de acordo no início do mês, com um preço em torno de 101% da referência ARA, mas tiveram de voltar à mesa de negociação após recuo da estatal.
Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado do Rio Grande do Sul (Sinplast-RS), Edilson Deitos, o novo acordo, nos níveis acertados, fica desfavorável para a cadeia petroquímica brasileira. “O acordo que vinha valendo (que estipulava em 100% da ARA) já era desfavorável, porque a ARA é a referência mundial mais cara. Agora, a 102,1%, resta saber que impacto vai ter para o setor”, lamenta.
Deitos argumenta que a nafta responde a mais de 45% dos custos de produção na cadeia plástica, impacto que se soma ao dólar em torno de R$ 4,00. “De qualquer forma, o mercado precisava ter um posicionamento, porque é na virada do ano em que as indústrias têm de repassar os aumentos”, relativiza.
O prazo acertado de cinco anos, embora igual ao do contrato anterior, também é visto com receio, já que o normal, em outros países, é um prazo maior, de 20 anos, que gere mais segurança. “Acredito que isso possa impactar até investimentos de longo prazo na segunda geração”, projeta Deitos.
Fonte: Jornal do Comércio