O SR. LUCAS REDECKER (PSDB) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados:
Ontem, durante a sessão plenária em que retiramos o quórum para votação da PEC referente à Consulta Popular – não houve acordo no sentido de adiar a sua votação por uma semana –, comecei a fazer uma análise junto com a bancada do PSDB sobre o porquê de o governo não querer que a Consulta Popular seja cumprida. Aqueles que se vangloriam em todos os cantos do Estado do Rio Grande do Sul dizendo que criaram o orçamento participativo.
Temos condições hoje de analisar os anos anteriores no que diz respeito à condição específica de cumprir o pagamento da Consulta Popular. Começamos a avaliar, em cada região do Estado do Rio Grande do Sul, o quanto havia sido cumprido do orçamento que estava previsto para a Consulta Popular.
Alguns dados acabaram deixando-nos muito perplexos. Um deles é a condição do Vale do Caí: o governo executou apenas 1% do valor da Consulta Popular no orçamento de 3 milhões e meio de reais. Essa é uma região pujante, forte, em que as pessoas se mobilizaram para votar, para escolher as demandas necessárias acreditando que o governo poderia enfim fazer as obras necessárias, atender o pedido da população. Repito: de todo esse valor, apenas 1% foi executado.
Assim, em tantas outras regiões do Estado do Rio Grande do Sul há o mesmo exemplo de execução do orçamento baixíssima, de empenho baixíssimo. A Consulta Popular serviu apenas para que as pessoas saíssem, se mobilizassem pela Internet e fizessem os seus pedidos para o então governo para que ele pudesse cumpri-los.
Começamos a ver por que o governo não quer cumprir certas metas – até porque o governo já está comprometido. Incansavelmente, diversas vezes, vim a esta tribuna para que todos pudessem ouvir – até para que o governo pudesse se conscientizar disto – que é preciso parar de meter a mão no caixa único do Estado, o que não vem acontecendo.
Neste ano, há uma previsão de que, até agora, está chegando perto dos 800 milhões de reais o déficit do Estado e, dos 521 milhões de reais o saque do caixa único.
Ou seja, o Estado gasta e se endivida. O governador manda para a Assembleia projetos para que venhamos a buscar empréstimos que deverão ser pagos também daqui a 20 anos. Os próximos governadores estarão mais adiante administrando o Estado com um déficit cada vez maior sem se preocupar com a saúde financeira do Estado do Rio Grande do Sul.
Para dar continuidade à nossa própria condição de utilizar a tribuna, quero ler uma notícia muito interessante publicada no jornal Zero Hora de hoje acerca de algo com o qual não concordo. Aliás, tenho certeza de que a maioria dos deputados aqui da Casa, inclusive os do PT, têm a mesma opinião.
Diz o seguinte a notícia: Marta apoia Haddad e vira ministra. Senadora, que foi convencida por Lula a ingressar na campanha do PT para prefeitura de São Paulo, ganhou vaga na Esplanada.
A senadora Marta Suplicy disse que não participaria da campanha do Haddad, pois queria ser a candidata. Lula apoiou Haddad – era o queridinho do Lula –, que agora é candidato a prefeito de São Paulo. A senadora Marta Suplicy esperou passar um tempo, não participou, mas, quando entrou na campanha, foi premiada com um ministério da Dilma.
Não sou eu quem está dizendo isso, está publicado na Zero Hora e em todos os jornais do Brasil. Colocar o governo a trabalho para ajudar e fortalecer um partido político, na minha opinião, é estar no caminho errado. Mesmo como oposição, queremos contribuir para que o Rio Grande do Sul e o País se desenvolvam. Não somos a favor do quanto pior melhor.
Deixo registrada nossa preocupação com a saúde financeira do Rio Grande do Sul, que não vem sendo atendida pelo governo do Estado, e com a falta de investimentos previstos na Consulta Popular. Solicito aos deputados do PT que peçam ao governador que dê uma atenção especial para o Vale do Caí e para tantas outras regiões do Rio Grande do Sul, e que possamos aprovar a PEC na próxima semana aqui nesta Casa. Muito obrigado. (Não revisado pelo orador.)