foto: Jefferson Bernardes, agência Preview
A Couromoda, principal evento do setor coureiro-calçadista no país atualmente, foi aberta oficialmente na manhã desta segunda-feira (14), em São Paulo. A feira, que acontece entre os dias 14 e 17 de janeiro, no Anhembi, em São Paulo, foi tema também de homenagens e de cobranças por medidas efetivas que devolvam a competitividade para a indústria calçadista.
O líder da Bancada do PSDB, deputado Lucas Redecker, representou o Parlamento gaúcho na solenidade inaugural, que contou com a presença também do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do prefeito Fernando Haddad, além de lideranças do segmento coureiro-calçadista.
A presença de Lucas Redecker foi saudada no discurso do presidente da feira, Francisco Santos, bem como o trabalho desenvolvido pelo pai do deputado (o ex-deputado federal Júlio Redecker) em prol do segmento. Santos também destacou os 40 anos de existência da feira. “Com esta 40ª edição da Couromoda estamos completando um ciclo de quatro décadas que mudaram a face e os conceitos do setor coureiro/calçadista brasileiro. Com sua característica de feira global, a Couromoda consolidou-se também como o momento ideal para mostrar aos vários níveis de governo um setor que resistiu a crises e continua competitivo, apesar das dificuldades internacionais e da concorrência, sobretudo dos países da Ásia” afirmou. E complementou: “Mesmo com as crises que atingiram o setor ao longo dos anos, a indústria calçadista nunca se abateu. Somos um setor importante não só economicamente, mas socialmente, que emprega mais de um milhão de pessoas no País”, disse Santos.
Para Redecker, a Couromoda é o símbolo da superação de um segmento que vem enfrentando sucessivas crises. “Trata-se da maior feira da América Latina e uma das maiores do mundo e tem ligação direta com aquilo que entendemos como fundamental para o desenvolvimento do Rio Grande e do país, pois representa aproximadamente 25% de todos os negócios do segmento para 2012″, destacou o parlamentar. Ele também voltou a criticar o governo federal e a falta de ações concretas para coibir práticas ilegais de comércio, praticadas principalmente por países asiáticos.
Agradecimentos e cobranças
O presidente da Abicalçados, Milton Cardoso, foi enfático nas colocações de que o governo brasileiro precisa, urgentemente, desonerar a indústria e estabelecer um sistema de defesa comercial efetivo para a indústria calçadista que, ao longo dos últimos anos, tem presenciado uma invasão de produtos asiáticos. “Somos, juntos do setor têxtil, responsáveis por mais de três milhões de empregos, ou 30% do total de postos gerados na indústria brasileira”, disse, acrescentando que o setor calçadista é a base da economia de mais de 100 municípios brasileiros. “Tenho certeza que o ministro Alessandro Teixeira (interino no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC) sabe da importância do setor. O governo federal tem prestado atenção no nosso segmento, promovendo iniciativas de desoneração tributária da folha de pagamentos, prorrogando o Reintegra e o PSI, além do apoio fundamental através da Apex, Sebrae e Abdi”, listou.
Por outro lado, Cardoso reiterou que o setor precisa de mais medidas de apoio, especialmente de defesa comercial que inibam a triangulação das importações. Segundo ele, mesmo com o comércio de calçados em crescimento, a produção da indústria vem caindo e, junto dela, a empregabilidade. “A razão é uma só: o comércio exterior”. Cardoso ressaltou que, em 2010 quando foi instituída a alíquota de US$ 13,85 por par procedente da China (antidumping), a indústria chegou a empregar imediatamente mais de 70 mil pessoas, recuperando os 40 mil postos perdidos com a concorrência desleal em um trimestre. “A indústria calçadista reage rápido”, enfatizou. Por outro lado, os importadores passaram a importar produtos chineses de outras formas, pela triangulação e circunvenção. Os mesmos produtos passaram a vir desmontados para mera montagem no Brasil. “Nós denunciamos e, surpreendentemente, o governo federal, apesar de admitir que uma indústria brasileira produzia calçados com 94% dos componentes importados, que a prática não feria a defesa comercial”, recordou o dirigente. Cardoso destacou, ainda, os problemas cambiais enfrentados com a chamada “guerra cambial” comandada pela China, que mantém a sua moeda em paridade com o dólar.
Cardoso disse que, mesmo com as dificuldades enfrentadas pelo setor calçadista, a Couromoda deve ser o palco para mostrar porque o Brasil possui a 3ª maior indústria do mundo. “Temos qualidade, tecnologia, práticas saudáveis e sustentáveis. Isso será visto aqui na feira”, concluiu.
Já o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin ressaltou que “quando o setor calçadista brasileiro vai bem, a sociedade vai bem”. “Sabemos da importância social e econômica deste setor e, por isso, prorrogamos por prazo indeterminado a redução da alíquota do ICMS para 7%”, destacou.
* Com dados e informações da Abicalçados