“Não haverá no meu partido ou fora dele alguém tão dedicado à vitória de Serra.Temos o melhor candidato e condições para vencer em Minas e no Brasil”.
O ex-governador Aécio Neves ocupou, nos últimos dias, o posto de um dos principais personagens da campanha tucana rumo ao Planalto. Mesmo após três semanas de férias no exterior e sob pressão, Aécio afirma que não será vice de Serra. Para se justificar, apresenta pesquisas indicando que sua presença na chapa presidencial tucana garantiria, no máximo, acréscimo de 5% nas intenções de votos em favor de Serra. A seguir, trechos da entrevista, feita na sexta-feira à noite, por telefone.
O senhor diz que política é destino, e o seu parece que está lhe empurrando para ser vice de Serra. Isso pode ocorrer?
No ano passado, apresentei ao meu partido uma alternativa de candidatura presidencial. No momento em que percebi que uma maioria partidária caminhava na direção da candidatura do governador Serra, fiz um gesto em favor da unidade, que foi abdicar desta candidatura. Acima de projetos pessoais deve haver algo, hoje em falta na política, que é uma visão patriótica. Em dezembro anunciei minha candidatura ao Senado. De lá para cá, nada mudou, nem minha convicção de que Serra é o melhor candidato para vencer as eleições. Como candidato ao Senado tenho mais condições de ajudá-lo.
Não teme ser responsabilizado por uma eventual derrota de Serra?
De forma alguma. Na vida devemos ter convicções e lutar por elas. Precisamos fortalecer diariamente nossas convicções e resistir às pressões que nos afastam delas. Estou absolutamente seguro de que tomei a melhor decisão, pensando no meu país.
Que fato poderia levar o senhor a mudar de ideia? Há quem diga que o fato de o governador Anastasia estar atrás nas pesquisas…
Quando retornei (das férias), me deparei com uma grande confusão entre opinião e análise. E com três fatos que me eram colocados à frente. O primeiro de que a eleição se definiria em Minas. Qualquer análise pode mostrar que a eleição pode ser definida no Nordeste, que tem 27% do eleitorado. Minas tem 10%. Segundo fato é que a má situação de Anastasia poderia me fazer mudar de opinião. O governador tem 25% de conhecimento e, na pesquisa espontânea, tem os mesmos 5% de intenções de votos de seu adversário. É uma situação extraordinária, e estamos preparados para vencer no primeiro turno. A terceira, de que minha candidatura a vice seria fundamental para eleger Serra. Tenho pesquisas que mostram que isso poderia aumentar em no máximo 5% as intenções de votos em favor de Serra em Minas.
Mas já ajudaria…
Isso significa meio por cento dos votos nacionais e com risco de desguarnecermos a nossa retaguarda e termos outras perdas, se eu não estiver em Minas. Não haverá no meu partido ou fora dele alguém tão dedicado à vitória de Serra.Temos o melhor candidato e condições para vencer em Minas e no Brasil.
O empate entre Serra e Dilma pesou na sua decisão?
Minha decisão foi tomada em dezembro, quando Serra tinha vantagem expressiva. É preciso mais serenidade por parte dos nossos próprios companheiros. Vejo uma ansiedade excessiva.
A subida de Dilma confirma o poder de transferência de votos de Lula?
Reconheço que o governante bem avaliado tem algum poder de transferência de voto. E servirá, certamente, para o nosso caso em Minas. Mas essa transferência é limitada. Quem define a eleição não são os apoiadores, é o eleitor.
Que outras opções Serra tem para vice?
É uma questão que tem de ser vista com serenidade. Há alternativas no partido, como o senador Tasso Jereissati, ou mesmo na coligação. Não é isso que vai mudar o rumo da eleição.
Fonte: gazetaonline.globo.com