O SR. LUCAS REDECKER (PSDB) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados:
Hoje, vinha desde cedo acompanhando o noticiário da Rádio Gaúcha, referente ao dia de ontem, sobre as manifestações que ocorreram nas proximidades da Praça da Matriz, mas especificamente sobre o apedrejamento do prédio onde mora o prefeito José Fortunati.
Eu, particularmente, não sou do PDT, não tenho procuração para defender o prefeito, mas acredito que as coisas não estão sendo conduzidas da forma correta.
Em primeiro lugar, sou favorável a qualquer manifestação, desde que seja ordeira, pacífica e livre, como muitas que ocorreram e tiveram o nosso apoio. Nesse caso, sou a favor das manifestações tanto da sociedade civil organizada quanto dos professores, quando se manifestaram em diversas oportunidades. No entanto, vejo que não há uma condução correta do comando da Brigada Militar em relação a essas manifestações.
Ontem – conforme escutei na Rádio Gaúcha hoje –, uma senhora que mora no prédio do prefeito José Fortunati ligou para a polícia e disse que estavam apedrejando o prédio. A polícia respondeu que isso é coisa da democracia. Na frente do Piratini, havia um número – que não sei precisar – de brigadianos parados para defender o palácio, enquanto, a poucos metros dali, estavam apedrejando um prédio, cujos moradores estavam assustados e ligaram para a polícia, sem obter resposta alguma.
Em outro momento, quando os professores foram para a frente da casa do governador Tarso Genro – e não concordo com essa atitude de se manifestar diante da residência do governador, como fizeram com a governadora Yeda –, a Brigada foi lá, jogou gás lacrimogêneo, desceu o cassetete nos professores, dois foram parar no ambulatório do hospital, enfim.
A Brigada Militar, que, no Estado do Rio Grande do Sul, na minha visão, é uma corporação benquista entre a população – as pessoas gostam da Brigada, confiam na Brigada –, não está sendo conduzida de maneira correta com relação às manifestações. Friso: defendo as manifestações, elas são corretas, mas é inadmissível que um cidadão ligue para a Brigada Militar dizendo que o prédio onde mora está sendo apedrejado e o brigadiano que o atende diga que isso é coisa da democracia. Isso não é coisa da democracia, não!
Democracia é se manifestar. Depredar um prédio não é coisa da democracia, e a Brigada tem que tomar providências. Muitos dos prédios que foram depredados nas manifestações anteriores ainda estão com tapumes. É só andar pelo Centro. Estão lá as lojas ainda com tapumes, bancos com tapumes, que ainda têm medo das depredações feitas por poucos, infiltrados entre a grande maioria que foi lá com suas famílias, defender mudanças. Esses outros foram lá depredar de fato, transformar a manifestação numa baderna, e acabaram desqualificando a maioria dos manifestantes.
Essa não é uma crítica ao governo. A crítica que estou fazendo é quanto a forma como é tratada a reclamação que é feita pela população. Não é o deputado Lucas Redecker quem está dizendo isso, escutei na Rádio Gaúcha hoje, se não engano dito pelo Wianey Carlet, no Sala de Redação.
Essa é a linha que entendo podemos modificar, pois não é admissível que uma coisa dessas aconteça. Temos de dar condições para que o cidadão possa se sentir seguro, não só quando está em um prédio público ou em um prédio privado, mas quando está na rua se manifestando. É o caso daquele que faz o seu cartaz para manifestar que não concorda com isto, que não concorda com aquilo, de forma segura, e não para levar, quem sabe, uma pedrada e gás lacrimogêneo.
Sabemos que muitas vezes alguns passam dos limites nesse debate nacional que está acontecendo. Há aqueles que se manifestam mascarados, com touca ninja – com o que não concordo. Quem vai para uma manifestação mascarado não está com boa intenção. E, nesse caso, os governos têm de fazer o seu papel, que é manter a ordem pública.
Entendo que ontem não foi mantida a ordem pública, e podemos reavaliar essa situação. Obrigado. (Não revisado pelo orador.)