O SR. LUCAS REDECKER (PSDB) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados:
Volto a esta tribuna para responder a algumas questões levantadas pelo líder do governo e pelos deputados da base governista que o sucederam.
O líder do governo disse que este governo não está sujeito às crises que alguns oposicionistas tentam fomentar na base governista.
Gostaria de refrescar a memória do líder do governo – se S. Exa. não leu o jornal Zero Hora de hoje –, lembrando que o governador chamou três secretários de Estado para enquadrá-los na discussão da Empresa Gaúcha de Rodovias: Carlos Pestana, Beto Albuquerque e João Victor Domingues.
Não fomos nós que criamos a crise do governo, quem a criou foi a falta de diálogo na própria base governista. Se não mantém diálogo com a oposição, demonstra que também não há diálogo na base governista, que vem querer mandar essa conta para a oposição nesta Casa.
O governador teve de enquadrar os secretários, porque cada um deles falava algo diferente. As bancadas, nesta Casa, diziam coisas diferentes a respeito do mesmo projeto; tivemos, inclusive, algumas delas afirmando que esse não era o projeto com o qual o secretário que as representa havia concordado, quando a questão foi negociada dentro da base governista e do próprio Executivo.
Tenho o mesmo sentimento que o deputado Aldacir Oliboni, que veio à tribuna dizer que estamos perdendo tempo para votar a criação das Casas da Solidariedade. Porém, deputado Aldacir Oliboni, à época da deputada Miriam Marroni – V. Exa. ainda não estava como deputado nesta Casa – a base do governo ficou sete meses trancando o projeto nas reuniões de líder, não deixando que ele fosse votado. Posteriormente, com o deputado Valdeci Oliveira, ficou agindo assim mais dois meses.
Nós, da oposição, seguramos a matéria no máximo dois meses, porque estávamos esperando o resultado das audiências públicas. E agora o deputado Valdeci Oliveira vem dizer que quase todas as propostas colhidas nas reuniões foram incluídas no projeto. Na realidade, das 26 que levantamos até a audiência pública de Pelotas, 22 não foram consideradas. Ou seja, somente a minoria – nem 10% delas – foi incluída no projeto da Casa da Solidariedade.
Quando o governo vem dizer, nesta tribuna, que quer o diálogo, que quer conversar, precisa verificar o tempo que perdemos dialogando depois do encerramento da ordem do dia por falta de quórum. Aliás, sugiro que a base governista analise quais dos seus parlamentares não deram quórum, pois o fato é que saiu dela mesma a falta de quórum hoje registrada.
Fomos nós que pedimos a realização deste debate. Queremos que seja retirado o requerimento de preferência e que a discussão seja trazida a plenário. Se as emendas não correspondem – como afirmou o deputado Valdeci Oliveira – ao que o governo pensa, desculpem-nos, mas tratem de nos derrotar no voto. Não tentem cercear a nossa prerrogativa de debater, pois, afinal, fomos eleitos para isso.
Fui colocado nesta Casa para analisar, discutir e apresentar proposições sobre todas as questões, e os demais deputados também. Cada um de nós representa um segmento da sociedade, uma região, um partido político, uma linha ideológica diferente. É isso que faz o Parlamento ser grande.
O que faz o Rio Grande do Sul se desenvolver é a possibilidade de reunirmos ideias oriundas dos seus quatro cantos, de seus pontos antagônicos, para formar uma linha de convergência. É assim que podemos construir um Estado melhor e mais potente, considerando, sobretudo, o fato de que temos de competir com outras unidades da Federação.
Ideias contrárias, portanto, não podem ser cerceadas pelo governo. É um absurdo termos de ouvir o líder do governo afirmando que, como as ideias não são parecidas, a bancada governista decidiu apresentar o requerimento de preferência. Ou seja, nada com o qual governo não concorde pode ser debatido pela oposição.
Vamos cercear a condição da oposição, afinal somos autoritários. É isto o que o governo está dizendo, que são autoritários porque não dão condições de debate.
Está aqui um único deputado que representa a base do governo, o deputado Aldacir Oliboni, pois não restou mais nenhum deputado no plenário. Espero, na próxima sessão, que eles venham dizer que vão retirar o requerimento de preferência, que vão debater as emendas e nos derrotar porque têm maioria. Contudo, teremos condições de debater esse assunto e, mesmo sendo derrotados, poderemos mostrar as nossas ideias e compartilhá-las com o plenário e com o Estado do Rio Grande do Sul, que quer ver esta Casa trabalhar e produzir.
Todos nós estamos empenhados nisso, inclusive o presidente Alexandre Postal. Queremos mostrar para a população que o salário que nós ganhamos é digno do trabalho que realizamos. Muito obrigado. (Não revisado pelo orador.)