O SR. LUCAS REDECKER (PSDB) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados:
Venho contribuir com a fala do meu companheiro do Vale do Sinos, colega deputado Giovani Feltes, que falou sobre o fechamento da Azaleia e a consequente diminuição de empregos devido às demissões na nossa região produtora de calçados.
No dia 15 de abril, a Calçados Andreza, de Santa Clara do Sul, fechou suas portas, demitindo 525 funcionários pelo mesmo da Azaleia, que demitiu 840 funcionários.
Usei esta tribuna e falei da preocupação que nós, do setor coureiro-calçadista, temos em relação às exportações, à taxa cambial, à carga tributária e a diversos problemas que enfrentamos para conseguir uma posição justa no mercado externo em relação ao nosso sapato, mundialmente conhecido, de grande qualidade e que por muitos anos foi o representante do setor das exportações brasileiras.
No dia 9 de novembro de 2010, procurei no portal IG, em São Paulo, o presidente da Vulcabras/Azaleia, Sr. Milton Cardoso. A notícia dizia: Vulcabras ameaça produzir fora do Brasil se câmbio não mudar. Aguarda maiores definições sobre o comportamento do real ante o dólar para anunciar sua estratégia de investimentos no exterior. Se o dólar mantiver as perspectivas de desvalorização ante o real, a empresa vai abrir fábricas no exterior para atender o mercado internacional.
Os 840 empregos da Azaleia, os 525 da Calçados Andreza e – como disse o deputado Giovani Feltes – os muitos da Reichert e de tantas outras fábricas que perdemos não estão mais sendo aproveitados aqui.
Os sapatos que deixamos de exportar continuam sendo comprados pelo consumidor final de outros países, gerando empregos e aumentando a qualidade de vida naqueles países. Esse dinheiro não está mais aqui, e isso onera o governo, os Municípios e, acima de tudo, o cidadão, o pai de família que, no fim do mês, não ganha seu salário e não pode manter a dignidade e o padrão de vida que mantinha anteriormente.
O que mais me preocupa e me deixa abismado é justamente o fato de o governo federal não ter feito nada ao constatar por muitos anos a desvalorização da taxa cambial do dólar em relação ao real. Diversos deputados federais e estaduais, por diversos anos, lutaram em busca de uma política dos governos federal e estadual no sentido de obtermos competitividade. Infelizmente, nada foi feito.
Agora, segundo o que disse um deputado, o governador vai determinar a ida de alguns secretários a Parobé para verificar o que pode ser feito para reverter essa situação. Mas a iniciativa está sendo tomada depois de os empregos terem sido perdidos e de a empresa Azaleia ter anunciado que, se não houvesse uma política cambial que favorecesse o setor exportador, teria de fechar e investir em outros países. A imprensa publicou que estão investindo na Índia. E o governo não fez nada nesses meses todos.
Quando se fala da sobretaxa do calçado chinês, que favorece o mercado interno, sabe-se que a triangulação ocorre hoje com produtos importados da China que vêm por outros países e ingressam no Rio Grande do Sul.
Temos de ter políticas efetivas e não paliativas. O governo deve agir antes de as empresas fecharem, valorizando não só o setor calçadista, mas todo o setor exportador do Rio Grande do Sul, para que possamos manter os nossos empregos, a nossa política de exportação nacional e para que continuemos a nos orgulhar, como o fizemos por muitos anos, representando o Vale do Sinos e o setor coureiro-calçadista. (Não revisado pelo orador.)