Em audiência pública na manhã desta quarta-feira (28), a Comissão de Economia e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa reuniu trabalhadores, autoridades municipais e estaduais e representantes da Brasil Foods, empresa que resultou da fusão da Sadia e da Perdigão, para discutir os temores de demissões e fechamentos de unidades no Estado. O deputado estadual Lucas Redecker, que é vice-presidente da Comissão, participou do encontro. 

Conforme o vice-presidente para Assuntos Corporativos da Brasil Foods, Wilson de Melo Neto, dez fábricas serão vendidas, mas não porque a empresa o queira, e sim em cumprimento ao acordo firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), para assegurar a concorrência no mercado. “Não é fácil para a empresa desfazer-se de ativos, ela não está acostumada a isso, e o está fazendo só porque foi a única forma de viabilizar a fusão”, afirmou. Segundo ele, a empresa possui 120 mil funcionários, 60 fábricas no país e pretende dobrar de tamanho. No Rio Grande do Sul, é responsável pela geração de 15 mil empregos diretos, o que a torna o maior empregador direto do Estado, e há 1.084 vagas em aberto. 

Durante a audiência, sindicalistas e funcionários das empresas manifestaram o temor de demissões e criticaram a atitude de empresas que recebem incentivos do governo sem assumir compromissos sociais. Relataram experiências negativas para os trabalhadores, como a fusão da Brahma e da Antarctica (Ambev). Em relação ao caso, o representante da Brasil Foods disse que justamente pela experiência do passado, houve um cuidado muito grande para que os problemas não se repetissem. “É o que chamamos de herança maldita da Ambev”, disse ele. “O Cade foi muito mais rigoroso (agora)”, disse. 

Depois de ouvir as manifestações, Redecker disse que os esclarecimentos foram importantes e pediu ao Parlamento gaúcho que se dedique ao assunto. Para ele, é fundamental que a transição não ocorra apenas num curto espaço de tempo e que haja uma preocupação com os produtores rurais integrados e não integrados, para que também eles tenham garantias e uma maior tranquilidade.