A crise política e institucional como limitadora do desenvolvimento foi o tema tratado pelo deputado Lucas Redecker (PSDB), no espaço do Grande Expediente da sessão plenária desta quarta-feira (21). O parlamentar ocupou a tribuna para uma avaliação do momento do país e “para provocar o bom debate e a reflexão”, como ele próprio definiu. “O Parlamento tem a função, e a obrigação, de promover a discussão do contexto, independente de siglas envolvidas ou não na situação que vem desgastando a classe política. Nós, políticos, somos os responsáveis por alterar este quadro”, observou.

Para ele, o tema é importante na medida em que as crises instaladas atuam sobre a coletividade no seu dia a dia. “Desta forma, nós, eleitos pelo voto da cidadania, temos que fazer esta avaliação, como parte da busca da nossa própria credibilidade”. Disse que não estava ali para tratar do passado, daquilo que aconteceu nas gestões Lula-Dilma. “O primeiro item da pauta não é apontar o dedo ao outro, cobrando o que foi feito ou não. Temos que apontar o dedo para nós mesmos e nossas siglas, como elemento de resgate das instituições partidárias”.

Conforme citou, a classe político-partidária é uma das instituições com mais descrédito junto à sociedade. “E o nosso trabalho deve ser intenso para mudar isso, para fazer com que esta sociedade separe o joio do trigo e, para tanto, temos que ter atitudes e exemplos para deixar claro que, em todas as áreas, existem os bons e os que não são tão bons, sendo que os bons são a imensa maioria em todos os casos”, referiu. E os que estão no caminho contrário, prosseguiu, “não nos representam”.

Neste sentido, lembrou que a bancada do PSDB do RS foi a primeira no país e enviar ofício à direção nacional da sigla, em 10 de maio, solicitando que o senador Aécio Neves fosse afastado do cargo de presidente nacional, bem como fossem afastados do partido todos os envolvidos, até os esclarecimentos finais, com a expulsão dos mesmos em caso de confirmação. Ressaltou que é importante não misturar a estrutura partidária e sua finalidade e as ações de alguns poucos integrantes. “Àqueles, não podemos dar a mínima credibilidade”, acrescentou.

Igualmente frisou que é posição da bancada do partido no RS a não-participação do PSDB no governo Temer, “pelas várias razões já conhecidas. Mais, defendemos a entrega de todos os cargos. Em especial, não se pode aceitar que o mandatário de uma Nação reúna-se às escondidas com alguém que assumidamente diz que controla este ou aquele segmento para benefício próprio, penalizando o país, e este mandatário ouvir tal declaração e nada fazer. Ou teria que ter dado voz de prisão ou teria que ter demandado neste sentido”, pregou Redecker.

Disse ainda que é decepcionante – se for verdadeira – a posição da direção nacional do PSDB em negociar com o PMDB objetivando 2018. “Seria um acordo espúrio, ilegítimo. Não aceitamos este tipo de moeda de troca tendo como alvo as eleições. Caso isso se efetive, vai na contramão do resgate da credibilidade referido. Por isso temos que apontar o dedo na nossa própria direção, avaliando e debatendo as posições internas”, insistiu, sublinhando que a autocrítica é essencial.

Advertiu, de outra parte, que este rearranjo político-partidário é necessário exatamente pelos reflexos que impõe à economia, recordando que estes aspectos negativos já atingem os pequenos avanços observados em segmentos da economia no governo Temer. Destacou, ainda, que o PSDB do RS assina embaixo da operação Lava-Jato e seus resultados, “desmantelando todas as quadrilhas causadoras dos mais variados ilícitos. Evidente que algum equívoco pode acontecer, mas é um detalhe menor diante do todo apurado. As instituições atuantes neste episódio (MP, PF, PGR, MPF e outras) devem ter todo o apoio a suas atividades”, destacou Lucas Redecker.

Por fim, referiu que a crise econômica traz muitos danos aos poderes executivos estaduais e municipais. “O momento exige que sejam construídas parcerias com a iniciativa privada em socorro a áreas vitais da comunidade, como a segurança”, observou. O privado, considerou, foi readaptando-se aos novos momentos dos contextos econômicos. “O setor público seguiu o caminho oposto, inchando e inviabilizando-se. E precisamos, como Poder Legislativo, fazer nosso mea-culpa, uma vez que aprovamos projetos de lei que auxiliaram no aumento da estrutura, sem avaliar corretamente os impactos. Agora, é preciso construir uma nova situação, mais real, com o cidadão sendo o objeto primeiro”, finalizou.