Veja a íntegra da entrevista exclusiva do deputado estadual Lucas Redecker ao jornal NH, publicada na edição do dia 24 de dezembro, feita pelos jornalistas João Ávila e Francine Natacha.

 O deputado estadual Lucas Redecker (PSDB) — o terceiro da série de entrevistas do Jornal NH — considera, como ponto importante para atrair investimentos ao Estado, a ampliação de recursos em infraestrutura. O tucano, que está em seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa, acredita que o próximo ano reserva grandes desafios para o governador Tarso Genro e destaca que a oposição está do lado do povo gaúcho, aprovando os projetos de interesse da comunidade e reiterando o voto contrário, quando considera prejudicial.

Como o senhor avalia este primeiro ano do governo Tarso ?
Lucas – Avalio como um governo que prometeu muito e não cumpriu. Na própria Assembleia Legislativa e no próprio governo, que nós acompanhamos, foram as classes cobrando uma promessa de campanha que não foi cumprida. Mas o que marcou o governo Tarso foi o inchaço da máquina pública e a irresponsabilidade fiscal. Porque nós tivemos, logo nos primeiros meses de governo, um encaminhamento de projetos aumentando o número de cargos de confiança, funções gratificadas e, até, cargos novos em contrato emergencial — ultrapassando a casa de 500 cargos, o que onera o Estado em R$ 50 milhões ao ano. E eu vejo que essa irresponsabilidade é muito grande em um momento que se diminuíram os repasses para as prefeituras, para áreas que são prioridades, como Saúde e Educação. Vejo que essa é a marca do governo Tarso neste primeiro ano. Muitos projetos foram encaminhados para a Assembleia em regime de urgência, motivado, justamente, para encurtar o debate, o que para nós, como oposição, dificultou o acompanhamento de perto das matérias e apresentação de emendas.

E os desafios do governo para 2012?
Lucas – Acredito que tenha pessoas competentes no governo e na boa vontade do governador. Espero um poder maior do investimento, uma concentração menor na criação de cargos e que o governo cumpra o pagamento do piso, tanto para professores, delegados e a própria Brigada Militar, que são categorias que reivindicam. Mas, acima de tudo, que nós possamos ter investimentos na área de infraestrutura e nas áreas prioritárias do Estado. E que sejam feitas por livre e espontânea condição do Estado ou por outras maneiras, por parceria público-privada, que dão condições de tirar do papel essas grandes obras. Esse é o ponto: a infraestrutura para enfrentar os grandes gargalos.

O alinhamento político dos principais municípios do Vale do Sinos e da Região Metropolitana de Porto Alegre com os governos estadual e federal está rendendo os dividendos esperados? Isso representa algum tipo de vantagem para a região?
Lucas – Não vejo vantagem total pelo alinhamento político. Vejo que cabe a competência de cada prefeito. Podemos analisar algumas prefeituras que têm esse alinhamento e captam menos recursos que outras prefeituras com outros partidos, até mesmo da oposição. Então eu não vejo vantagem e não vejo uma condição de se decidir em função de buscar um alinhamento político. Para mim, parte do princípio da competência de cada um. O que nós vemos aqui, em municípios da região, é que os prefeitos do mesmo partido não estão tendo vantagens comparado a prefeitos de outros partidos.

Como o senhor destaca o seu trabalho na Assembleia?
Lucas – Este primeiro ano foi muito importante. Eu acho que o Vale do Sinos está de parabéns pelo maior número de representantes na história da Assembleia Legislativa. Isso proporciona que, quando nós vamos debater um assunto do setor coureiro-calçadista ou com relação ao Vale, temos vários segmentos partidários defendendo as mesmas causas. Acho que a comunidade do Vale escolheu apostar suas fichas nas pratas da casa, nas pessoas daqui e isso é importante. E como oposição, também acho que foi um ano importante, por que nós pautamos discussões colocando nossa situação contrária a projetos do governo, com o objetivo de melhorar e aprimorar as matérias. Evidente que aquela prática do governo do PT, histórica, continua de que toda proposta que não vem da base do governo e que não é deles, não é boa e eles são contrários — mesmo que eles já tenham proposto as mesmas coisas anos anteriores. Então, é muito difícil de entender como se faz política desse jeito. Mas, na Assembleia, acredito que todos os deputados que lá estão como oposição têm o dever de pautar, não só as questões do governo, mas também o que é ideia nossa. E daí entram os projetos que nós levantamos. Estou satisfeito com o resumo das coisas que fizemos este ano. Eu, como vice-presidente da Comissão de Economia, pude trazer para o debate a questão da carga tributária, que é muito importante, pois o nosso País tem a segunda maior carga tributária do mundo.

Como o senhor avalia a administração do prefeito Tarcísio Zimmermann?
Lucas – Eu avalio que nós temos um alinhamento entre governo federal, estadual e municipal e, mesmo assim, o prefeito Tarcísio deixou a desejar em diversos aspectos. Primeiro, na condição de ex-deputado federal, de poder trazer grandes investimentos a Novo Hamburgo — o que nós temos hoje são investimentos que não foi ele que trouxe. E também vejo que nossas ruas estão precárias, a cidade está esburacada, falta estrutura nos bairros. Esperava que todas as promessas de campanha tivessem saído do papel, mas isso não aconteceu. Mas a avaliação, quem precisa fazer, é a comunidade.

No parlamento – Lucas garante que não deixará a vaga na Assembleia para concorrer à Prefeitura hamburguense no próximo ano. Para ele, a decisão não desprestigia o cargo no Município, mas reitera 0 compromisso com os eleitores que 0 elegeram.

Veja mais no site do Jornal NH em – http://migre.me/7ixPE