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Ao término de 18 meses o grupo norte-americano TransGas Development Brazil pretende iniciar as obras do seu primeiro empreendimento no Brasil: implantar no município gaúcho de Candiota, com investimento projetado hoje em US$ 2,7 bilhões, uma fábrica de fertilizantes a partir da gaseificação do carvão mineral. A unidade extrairá do carvão o syngás (mistura de monóxido de carbono e hidrogênio) matéria-prima para a elaboração do fertilizante. O protocolo de intenções foi assinado nesta quarta-feira (25) no Palácio Piratini entre o governador José Ivo Sartori, o presidente da TransGas, Adam Victor, secretários, Companhia Riograndense de Mineração (CRM) e prefeitos.

Conforme a apresentação, feita pelo presidente da TransGas, serão gerados 5 mil empregos temporários nos 39 meses necessários às obras. Depois de pronta a fábrica terá 300 postos fixos de trabalho. Fornecedores e parceiros da unidade criarão mais 300 empregos e as áreas da infraestrutura e mineração, outros 600 postos, informou o executivo. A preferência pelo Rio Grande do Sul, segundo Victor, deve-se à presença, no Estado, das maiores reservas de carvão do Brasil. A CRM é concessionária das jazidas de Candiota e Minas do Leão. “Firmar contrato com fornecedor estatal nos dá tranquilidade jurídica e operacional”, disse.

No plano estratégico a implantação da fábrica deve-se à necessidade mundial crescente de expansão da produção de alimentos, cenário no qual o Brasil “é um celeiro”, enfatizou Victor. “Cerca de 25% dos alimentos são cultivados no planeta a partir dos fertilizantes vindos do carvão mineral”, acrescentou. O mercado da TransGas, no país, seriam cooperativas de produtores de grãos e consórcios de compradores de fertilizantes. A tecnologia é considerada limpa: a Transgas, em parceria com a alemã ThyssenKrupp, promove a extração do syngas por processo químico e não pela queima do carvão mineral. A CRM, de acordo com o presidente Edvilson Brum, fornecerá 2,5 milhões de toneladas de carvão/ano à planta industrial da Transgas.

Grupo de trabalho

O governador Sartori criou grupo de trabalho para tratar do investimento com a Transgas, integrado pelas secretarias de Minas e Energia, Agricultura e Pecuária, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e Desenvolvimento Ciência e Tecnologia, mais a CRM. A primeira reunião ocorre nesta sexta-feira (27). “Essa fábrica valoriza o carvão gaúcho, municípios, e a economia primária com a oferta local de fertilizantes, a um custo menor”, afirmou Sartori.

Hoje, informou o secretário de Minas e Energia, Lucas Redecker, o país é grande importador de fertilizantes e o protocolo garante as negociações para a instalação da fábrica. Redecker enfatizou que no RS estão cerca de 90% das reservas de carvão mineral do país, que deve ser explorado. “A CRM tem plenas condições de atender a demanda desse empreendimento. Além do mais, o carvão deixou de ser o vilão há muito tempo, uma vez que as tecnologias hoje disponíveis minimizam o impacto ambiental”, afirmou. Para o presidente da CRM a produção do syngas, e depois amônia e uréia, é um marco para o Estado e à Metade Sul.

A TransGas já sondou outros estados, como Santa Catarina, “mas as negociações aqui são as mais importantes, pois aqui o assunto é tratado com mais empenho e apoio”, assinalou Victor. A meta da TransGas é produzir 2,1 milhões de toneladas de uréia por ano, mas as reuniões com o grupo de trabalho ajustarão os detalhes do empreendimento. O prefeito de Candiota, Luis Carlos Folador, está otimista. “Nosso município tem 40% de toda a reserva de carvão mineral do Brasil. Já estivemos na sede administrativa da empresa em Nova Iorque e ontem os dirigentes da TransGas nos visitaram”, explicou. A prefeita do município de Minas do Leão, Silvia Lasek, também participou da audiência.