Concorrência desleal com empresas chinesas no mercado externo, restrições na entrada do produto na Argentina, guerra fiscal no Brasil e invasão de sapatos importados no mercado nacional são apontados como os principais entraves por empresários gaúchos das indústrias calçadistas para o crescimento do setor. São também esses os problemas que estão fazendo com que grandes empresas do Rio Grande do Sul invistam em fábricas no Nordeste ou em países como Índia, República Dominicana e Nicarágua.

Em 2011, o Brasil perdeu 21% em volume de exportações. O chamado custo Brasil, o valor gasto pelas indústrias para produzir aqui, é apontado como um empecilho para concorrer no mercado externo. A alta carga tributária e a mão de obra mais cara fazem com que o país saia atrás na disputa em preço com os asiáticos – em especial, com o calçado produzido na China.

Sem perspectiva de solução definitiva, as dificuldades para enviar calçados para a Argentina também são um problema imediato para os exportadores. As liberações das licenças de entrada, que deveriam ocorrer em 60 dias, em alguns casos estão demorando mais de 120 dias. Marcas gaúchas investem há cerca de 20 anos no mercado do país vizinho.

O consumo de calçados vem crescendo no país. A indústria nacional, no entanto, teme que esse espaço que se amplia seja ocupado pela invasão de importados. Essas compras cresceram 40,4% em valores no ano passado.

ICMS mais alto prejudica empresas instaladas no RS

A taxa antidumping imposta ao calçado chinês, que paga US$ 13,35 por par na chegada ao Brasil, estaria sendo burlada por meio da chamada triangulação. A produção chinesa seria enviada para países como Indonésia, Malásia e até mesmo Paraguai. Lá receberia novo selo de origem, e chegaria aos portos brasileiros isentos da tarifa.

Outros dois entraves assustam os empresários. As dificuldades no mercado externo têm feito com que muitas indústrias exportadoras se voltem para o Brasil, aumentando a concorrência. Para as empresas gaúchas, existe ainda o prejuízo causado pela guerra fiscal. Enquanto no Rio Grande do Sul se paga 12% de ICMS, Estados do Nordeste não cobram nada das indústrias locais. E não é necessário ir longe para encontrar benefícios atraentes. Em Santa Catarina, a alíquota foi baixada para 3%.

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