Por 42 votos a 1 foi aprovado nesta terça-feira (26), na Assembleia Legislativa, o projeto de lei 46/2016, que incentiva a produção de biometano no Rio Grande do Sul, através do Programa Gaúcho de Incentivo à Geração e Utilização de Biometano – RS GÁS.

A proposta foi concebida pela Secretaria de Minas e Energia e busca estimular a criação da cadeia produtiva do biometano, sendo ela instrumento de promoção do desenvolvimento regional. Pretende ainda valorizar os recursos renováveis, reduzir a produção dos gases de efeito estufa, promover o destino correto dos resíduos orgânicos e a atração de investimentos em infraestrutura para distribuição e comercialização do biometano. A lei também possibilitará ao Estado criar linhas de crédito especial, inclusive com subsídios, para a produção de biometano e conceder tratamento tributário diferenciado e favorecido para a geração do biocombustível.

“Nossa intenção é fazer com que esses dejetos orgânicos provenientes da agricultura, que muitas vezes não tem um descarte adequado, sejam transformados energia/combustível mas, principalmente, se convertam em desenvolvimento para várias regiões do Rio Grande do Sul”, ponderou o secretário de Minas e Energia, Lucas Redecker. De acordo com o secretário ainda, o biometano é a melhor alternativa no curto prazo para promover a interiorização do gás e atender à crescente demanda do Estado. “A ideia é produzir um volume próximo do consumo, reduzindo custos de distribuição. Será um gás canalizado, com a mesma composição química do gás natural, porém produzido e distribuído localmente”, destaca.

Pelo projeto, o governo poderá ainda estabelecer a adição de um percentual mínimo de biometano ao gás canalizado comercializado no Rio Grande do Sul. O secretário de Minas e Energia, Lucas Redecker, explica que o biogás possibilitará que alguns empreendedores rurais que têm hoje dificuldade para aumentar as produções por causa de questões ambientais superem esses obstáculos. Outro ponto ressaltado pelo secretário é que o biometano dará uma nova opção de abastecimento de gás ao Rio Grande do Sul, hoje dependente do gás natural boliviano que chega na região pelo gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). Por isso, a intenção do projeto é atender principalmente aquelas regiões que não são abastecidas pelo gasoduto.

Atlas do biometano

Até o fim de 2016 a Secretaria de Minas e Energia e a Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás) devem apresentar aos gaúchos o Atlas do Biometano. O trabalho consiste em apontar quais são os resíduos mais propícios à produção do biogás (matéria-prima do biometano) e em que regiões essas matérias-primas se encontram. Depois de pronto, destaca Redecker, o Atlas também será uma espécie de cartão de visitas para futuros investidores. “Essa iniciativa vai permitir que o Estado conheça as suas potencialidades nessa área e contribuir para a elaboração de políticas públicas de incentivo à produção de energias limpas e renováveis”, afirmou.

Sobre o biometano e o GNVerde

O biometano, que no Rio Grande do Sul recebeu a marca GNVerde, é um combustível alternativo e 100% renovável que já está sendo testado em veículos desde 2013. É produzido a partir da purificação do biogás gerado na decomposição de resíduos e dejetos orgânicos. Com isso, alcança características semelhantes aquelas do gás natural. Assim, pode ser usado em todas as aplicações como substituto perfeito do gás natural.

Gerado a partir da decomposição de resíduos e dejetos orgânicos, a produção de biometano é favorecida no Estado, visto que a agricultura e a pecuária são fornecedores da matéria prima necessária. A produção intensiva de suínos, aves e leite representam a base econômica de importantes regiões gaúchas. Por outro lado, seus dejetos podem trazer graves consequências ambientais, por serem fontes de emissão de gases do efeito estufa.

“Vamos produzir energia que o país e o Estado necessitam a partir de algo que pode causar danos ao meio ambiente e, muitas vezes, gera um custo extra ao produtor, que precisa dar a destinação adequada aos resíduos”, declarou o presidente da Sulgás Claudemir Bragagnolo.

Biomassa

A biomassa é a principal matéria-prima para o biogás. É considerada um resíduo sólido, sendo encontrada de diversas formas, tais como: restos de alimentos, resíduos de madeira, palha do arroz, bagaço da cana-de-açúcar, esterco de animais e entre outras formas. A biomassa é a matéria orgânica que pode ser utilizada como recurso energético a partir de diferentes processos, como o biogás por queima, biogás por decomposição e biocombustíveis por extração e transformação.