O secretário de Minas e Energia, Lucas Redecker, realizou audiência com o presidente da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs), Alcebíades Adil Santini, na tarde desta quinta-feira (04), na Secretaria Estadual de Minas e Energia. A reunião ocorreu a pedido de Redecker, que está solicitando providências em relação aos serviços que vem sendo prestados pela AES Sul em face das últimas ocorrências no Vale dos Sinos.

Redecker entregou levantamento das reclamações recebidas e do desempenho da concessionária no ranking de continuidade dos serviços, além de matérias da imprensa atestando a demora e ineficiência nos atendimentos. “O que queremos é que a AES Sul tenha comprometimento com os seus clientes, pois eles estão sofrendo”, argumentou Redecker.

O presidente da Agergs disse que o órgão é parceiro da secretaria na busca de um serviço público de mais qualidade, “afinal, é o cidadão que paga a conta”. Ele agradeceu o relatório e afirmou que a Agergs fará uma inspeção técnica e comercial na empresa, que deverá apontar onde estão as deficiências. “Entre as três maiores concessionárias, a AES Sul é a que mais apresenta problemas”, afirmou Santini.

De acordo com o ofício entregue pelo secretário, a leitura dos índices de continuidade demonstra que a partir de 2014 o serviço apresenta relativa piora na prestação, haja vista estar muito acima do limite exigido regulatoriamente. A evolução negativa se apresenta na duração em horas de interrupção (DEC) em 2013 (14,08 para um limite de 13,98); 2014 (17,75 para um limite de 13,68) e 2015 (estima-se 19,1 para um limite de 13,68). Já no ranking de continuidade dos serviços, a AES SUL despencou da 12º posição para a 24ª de um total de 36 empresas, em 2014, com o pior índice IASC (Índice Aneel de Satisfação do Consumidor) de toda sua história com 51,72 pontos em 2015.

Participaram da reunião também o secretário adjunto de Minas e Energia, Artur Lemos Júnior e o técnico da Agergs, Milton Teleschevsky.

O que está acontecendo com a AES Sul

Uma análise mais detida e minuciosa atesta que dois pontos vem contribuindo na piora dos indicadores da companhia:

1. A AES SUL está contratando mais força de trabalho. Em 2012 a companhia dispunha de 1.380 empregados próprios e em 2014 fechou com 1.635 (um aumento de 255 ou 18%). Porém, a mobilização de mão de obra terceirizada vem diminuindo em escala superior a contratação dos próprios o que reflete em redução da força de trabalho. Em 2012 eram 2.009 terceirizados e em 2014 1.372, ou seja, redução de 637 funcionários (-32%). Resultado intimamente ligado a piora dos indicadores que iniciaram a curva de queda a partir de 2013. “A solução aqui é o retorno de mão de obra em número suficiente para atendimento das demandas dos clientes da área da concessão”, argumenta o secretário.

2. A AES SUL tem investido milhões em melhorias. Em 2012 a empresa investiu R$ 336,5 milhões em melhorias do serviço. Reduziu para R$ 265,4 milhões em 2013 e chegou ao seu menor ponto em 2014 com R$ 197,9 milhões (os dados de 2015 não foram fechados até o presente momento). Portanto, a redução dos investimentos está acompanhando a piora na prestação dos serviços realizados, o que denota uma das causas da precariedade do serviço.

Em 2014 a AES SUL teve lucro líquido de R$ 210,8 milhões o que não paira dúvida que foi construído com a redução dos gastos com pessoal e também redução de investimentos. Ocorre que esta equação impacta diretamente na qualidade dos serviços prejudicando sua continuidade e a vivência da população na área de concessão.

“A aplicação de multas não resolve os problemas, pois as multas pagas não são reinvestidas em melhorias na área da concessão”, argumentou o secretário, que também enfatizou a disposição da Secretaria de Minas e Energia em construir uma solução conjunta com a Agergs e Aneel em prol de um serviço de mais qualidade na área abrangida pela concessionária.