Lançado em 1987 para transportar a produção de maçãs e frutas de Vacaria, com a aposta de impulsionar a economia da região nordeste do Estado, o aeroporto de cargas demorou tanto para ser concluído que o cenário para o qual foi projetado não existe mais.

A maçã agora é distribuída por caminhão ou navio. Vacaria não oferece volume suficiente de cargas nem de passageiros para movimentar o terminal.

Ex-diretor do Departamento Aeroportuário do Estado (DAP) no governo Pedro Simon, o engenheiro Fernando Bizarro lembra que o aeródromo de Vacaria nasceu para impulsionar os negócios na região. Integrava um plano maior para dotar o Estado de linhas aéreas regulares. Mas os entraves burocráticos, as licenças ambientais, os desacordos com as empreiteiras provocaram sucessivos atrasos.

– As obras demoram tanto para acontecer que, quando ficam prontas, as circunstâncias já mudaram – lamenta o ex-diretor do DAP.

Bizarro observa que o mesmo ocorreu com o aeroporto de Torres. À época do projeto, milhares de argentinos frequentavam o Litoral Norte, inclusive comprando imóveis. Imaginava-se que poderiam chegar ao balneário em voos charter (fretado por uma empresa para destinos turísticos), mas a crise argentina cortou a migração dos hermanos.

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A organização Contas Abertas se manifestou sobre o aeródromo de Vacaria, que ficou com uma pista de R$ 20 milhões perdida no meio do campo – como ZH mostrou ontem. Diretor executivo da entidade, Gil Castello Branco critica que o caso evidencia a “incompetência dos gestores” desde o planejamento até a execução da obra:

– Foi um ônus para uma geração, mas sem significar um bônus para a geração seguinte. Infelizmente, mais um desperdício de recursos públicos.

Castello Branco diz que os governos posteriores poderiam ter redirecionado o projeto, ajustando-o à nova realidade. Não foi por falta de avisos. Em 2003, o Plano Aeroviário do Estado, aprovado pelo Comando da Aeronáutica, informou que a região serrana de Vacaria tinha apenas 2% do total da população e 1,7% do PIB gaúcho, o que “denota sua pouca expressão econômica”.

fonte: Zero Hora