O líder da Bancada do PSDB na Assembleia Legislativa, deputado Lucas Redecker, realizou Grande Expediente na quarta-feira em homenagem ao Exército, cuja data transcorreu no último dia 19 de abril. O pronunciamento do parlamentar foi prestigiado por centenas de soldados e pelos representantes do Comando Militar do Sul. Confira a íntegra do pronunciamento: 

“Saúdo o Sr. Comandante Militar do Sul, general de exército Carlos Bolivar Goellner; o Sr. Chefe do Estado Maior do Comando Militar do Sul, general de brigada Roberto Jungthon; o Sr. Assessor de Relações Institucionais do Comando Militar do Sul, general de brigada Luiz Carlos Rodrigues Padilha; o Sr. Representante do V Comando Aéreo Regional, coronel Marcelo Binotti; o Sr. Representante do 5º Distrito Naval, delegado da Capitania dos Portos em Porto Alegre, capitão de fragata Jayme Tavares Alves Filho; o Sr. Presidente do Tribunal de Justiça Militar do Estado, juiz- coronel João Vanderlan Rodrigues Vieira; o Sr. Representante do Comando da Brigada Militar, tenente-coronel Paulo Rogério Soares Medeiros; os Srs. Representantes da Casa Civil do Governo do Estado; o Sr. Delegado da ADESG/RS, Everton Marc; as Sras. e os Srs. Oficiais, Praças e Servidores Civis das Forças Armadas; e a Banda de Música do 3º Batalhão da Polícia do Exército. 

Quero, inicialmente, fazer um agradecimento ao deputado Ernani Polo, que me possibilitou, com a troca de dia, fazer este grande expediente na data de hoje. A ele o meu agradecimento e peço que se sinta também como parte deste pronunciamento.  

Senhoras e Senhores Deputados, público presente, sinto-me muito honrado e feliz por poder homenagear o Exército brasileiro quando ele completa 364 anos de existência, transcorridos no último dia 19 de abril. Nesse mesmo dia, tive a oportunidade de conhecer pessoalmente a força e a grandiosidade do nosso Exército brasileiro, durante os festejos alusivos à data, realizados no 3º Regimento de Cavalaria de Guarda, aqui em Porto Alegre. No ano passado, tive também a oportunidade, junto com uma comitiva de lideranças, de conhecer o Centro de Instrução de Blindados e a Base Aérea de Santa Maria.  

Saí desses dois encontros positivamente impressionado e orgulhoso da grandiosidade de nosso Exército que, mesmo em tempos de paz, tem prestado relevantes serviços não apenas aos gaúchos, mas ao país. Quem não lembra da participação do Exército no socorro às vítimas de inúmeras enchentes aqui no Estado, como ocorreu em Santa Maria e região e São Lourenço do Sul? Da mesma forma, foi destaque internacional a atuação do Exército brasileiro no Rio de Janeiro, na ocupação do complexo de favelas do Alemão, no apoio à reconstrução dos estragos provocados pelas chuvas em Santa Catarina, no litoral do Rio, enfim, em todos aqueles lugares onde o apoio e a força do Exército tem se feito presente.  

Desde o dia 26 de janeiro, é importante que se diga, cerca de 900 militares gaúchos estão no Rio de Janeiro, participando da operação de pacificação do Complexo do Alemão e da Penha, na capital fluminense. Os militares devem permanecer na cidade por cerca de três meses.  

Integram a Operação Arcanjo Sexto, militares de Bagé, Cachoeira do Sul, Jaguarão, Pelotas, Porto Alegre, Santana do Livramento, São Gabriel, São Leopoldo e Sapucaia do Sul. A tropa se preparou para a operação desde novembro de 2011. Do total do efetivo, cerca de 40% participou da missão de paz no Haiti no ano passado.  

A substituição da tropa ocorreu de forma gradual, mantendo, assim, o mesmo nível de excelência apresentado até o momento. A 11ª Brigada de Infantaria Leve, com tropas dos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, prossegue na missão de pacificação, assegurando os direitos dos cidadãos e colaborando para o crescimento local.  

Além de possuir o maior efetivo entre os exércitos da América Latina, com 222.151 soldados, e uma reserva de 280.000 homens, que são convocados anualmente para apresentação, durante os cinco anos subsequentes ao desligamento, o Exército Brasileiro também possui a maior quantidade de veículos blindados da América do Sul.  

Possui uma grande unidade de elite, com efetivos de comandos e de forças especiais, especializada em missões não convencionais, a Brigada de Operações Especiais, única na América Latina, além de uma Força de Ação Rápida Estratégica, formada por unidades de elite altamente mobilizáveis e preparadas para atuar em qualquer parte do território nacional, em curto espaço de tempo, na hipótese de agressão externa. Além disso, possui unidades de elite especializadas em combates em biomas característicos do território brasileiro como o pantanal, a caatinga, a montanha e a selva. As unidades de selva possuem renome internacional, reconhecidas como as melhores unidades de combate nesse ambiente do mundo. São formadas por militares da região amazônica e oriundos de outras regiões, profissionais especialistas em guerra na selva pelo Centro de Instrução de Guerra na Selva.  

Em tempos de paz, as tropas do Exército estão continuamente se preparando para atuar em situações de conflito ou guerra. Além disso, são empregadas para a defesa da faixa de fronteira, tarefa conjunta com a força aérea, e para levar alimentos e serviços médicos a pontos isolados do território, participação e coordenação de campanhas sociais e pesquisas científicas e para garantir a democracia brasileira, apoiando as eleições.  

Quero, nesta oportunidade, pedir licença ao General de Exército Enzo Martins Peri, Comandante do Exército brasileiro, para citar parte do trecho do seu pronunciamento, divulgado por oportunidade das homenagens ao dia do Exército, pois faço destas também as minhas palavras.  

A formação da nacionalidade brasileira tem a impressão digital da nossa Força. Chame o passado, em todos os seus momentos de crises e mudanças, e o Exército responderá “presente!”. Esteve presente na manutenção da unidade nacional, evitando-se a fragmentação; na demarcação definitiva de nossas fronteiras; na independência da Colônia; no fim da escravidão; na proclamação da República; e na preservação da integridade do território brasileiro. Presentes estão hoje, em mais de oitenta operações/dia, contribuindo com o desenvolvimento nacional, com a harmonia social e com o esforço pela paz mundial.  

Ao longo de sua existência, o Exército tem se mantido unido e forte, principalmente pelos seus valores, dentre os quais destaco, no dia de hoje, os atributos da lealdade e da confiança. Visualizo tempos desafiadores. O Brasil, cada vez mais, precisa do seu Exército com capacidade de dissuasão e pronta-resposta; e de sua tropa com autoestima elevada, honrada e respeitada. Como se sabe, a dissuasão, nas missões internas, provém desse conjunto de predicados intangíveis, e não da perspectiva inicial do uso da força. A dissuasão externa, para preservar a soberania e os interesses nacionais, advém da existência de forças modernas, bem equipadas, adestradas e em estado de permanente prontidão, capazes de desencorajar intimidações, agressões e ameaças.”  

E é recuando no tempo e no espaço e evocando o passado, que resgato a história do nosso Exército Brasileiro, que teve suas origens na primeira Batalha de Guararapes, ocorrida no dia 19 de abril de 1648, quando os invasores holandeses que dominavam uma parte do Nordeste foram expulsos do país. Pela relevância histórica dessa vitória, o 19 de abril passou a ser comemorado como “Dia do Exército”.  

Depois da Independência, o Exército passou a funcionar com maior efetividade, exercendo um papel fundamental para manter a soberania do território brasileiro, já sob as ordens do governo imperial do novo país. Ainda no século 19, os soldados do Exército tiveram a primeira grande experiência internacional, participando da Guerra do Paraguai. Nesse conflito, a instituição se consolidou e reorganizou sob o comando de Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, e é por isso que ele é o patrono do Exército Brasileiro.  

Após a campanha no Paraguai, o Exército Brasileiro só enfrentou novamente combates internacionais na Segunda Guerra Mundial. Sob o comando do general Mascarenhas de Moraes, o Brasil enviou uma força expedicionária para combater na Itália, onde se desempenhou com bravura, ainda que não tenha tido participação decisiva no conflito como um todo. A participação da Força Expedicionária Brasileira foi fundamental na batalha pela tomada do Monte Castello, no norte da Itália, em 1944, que garantiu o avanço dos aliados nessa região européia. Ao longo do século XVIII o Brasil-colônia teve sérios problemas de fronteira principalmente aqui no Sul. Naquela época, eram frequentes os choques entre luso-brasileiros e hispano-platinos, além disso, a força terrestre enfrentou a ameaça de rebeliões.

 O Exército Nacional, ou Imperial como era costumeiramente chamado, durante a monarquia era dividido em dois ramos: o de 1ª Linha, que era o Exército de fato; e o de 2ª Linha, formado pelas antigas milícias e ordenanças herdadas dos tempos coloniais.  

Em 1824 o efetivo do Exército de 1ª Linha era de 24.000 homens disciplinados, treinados e equipados tão bem quanto os seus equivalentes europeus. Com o término da guerra de Independência, as Forças Armadas Brasileiras já estavam efetivamente bem organizadas e equipadas. A formação dos oficiais do Exército era realizada na Academia Militar (única escola de engenharia no país até 1874), apesar de não ter sido obrigatória para evoluir na carreira durante o século XIX. A partir de 1960, o Exército passou a estudar e desenvolver uma doutrina própria, adaptada às condições e à realidade brasileiras.  

Com a promulgação da constituição, em 1988, o Exército e as demais Forças Armadas se afastaram do núcleo político brasileiro, voltando-se para suas missões constitucionais.  

Com o novo cenário internacional após o fim da bipolaridade entre os Estados Unidos e a União Soviética, o Exército foi chamado a respaldar a política externa brasileira, passando a atuar em diversas missões de paz patrocinadas pela (ONU, tais como em Angola, Moçambique e Timor-Leste, além de enviar diversos observadores militares para várias regiões do mundo em conflito. No ano de 2004, o Exército Brasileiro passou a comandar as forças de paz que se encontram no Haiti.  

Nosso Exército sempre foi inovador. Embora limitado aos baixos orçamentos e aos reduzidos salários de seus membros, soube, quando necessário e possível, aplicar novas táticas, padrões de combate e uso de armamentos. Aliás, a esse respeito é bom lembrar que, na Guerra da Tríplice Aliança, nossa força foi pioneira no uso do fuzil de cano raiado, novidade até então, cujo alcance era maior do que o dos canhões usados à época, além de ter utilizado, também, balões como forma de reconhecimento. 

Por essas e tantas outras razões, devemos lembrar sempre o dia 19 de abril como o dia de uma das instituições mais importantes do País, que atua ativamente para manter a ordem e a paz social, honrando no presente os exemplos legados por Duque de Caxias, seu patrono, cultivando suas mais caras tradições, cumprindo, diuturnamente, seu sagrado dever de preservar a soberania da Pátria e a integridade dos brasileiros. Tradições e valores estes também cultuados por meu pai, que era admirador e amigo do Exército brasileiro.  

Quero destacar a importância do trabalho do coronel Marcelo Cantagalo dos Santos, que tem tido a nobre tarefa de aproximar o Exército Brasileiro do Parlamento gaúcho. Agradeço ao coronel pelo seu trabalho e o reiterado apoio despendido, sempre que solicitado.  

O Exército Brasileiro, a par de sua história exemplar, acompanha a trajetória e a evolução da sociedade brasileira sempre ao lado das grandes transformações do nosso processo de desenvolvimento social e econômico. O Exército tem realizado consideráveis investimentos em ciência e tecnologia, em saúde e educação, além da necessária e permanente reestruturação e preparação dos seus quadros operacionais de acordo com as peculiaridades da nossa realidade atual.  

Queremos ressaltar que o papel desempenhado pelo Exército Brasileiro tem ido muito além de sua missão institucional. A sociedade civil vem contando com importantes ações e iniciativas dos nossos militares, que, em parceria com os poderes, vêm trabalhando pela garantia da manutenção do nosso estado de direito, paralelamente à manutenção da nossa soberania e da paz nas nossas fronteiras.  

Por fim, quero que todos os senhores e senhoras que estão aqui hoje, tomem conhecimento da minha profunda admiração pelo Exército Brasileiro. A todos os soldados que aqui estão, levem a mensagem aos seus colegas de farda que o Exército brasileiro nos orgulha muito. Levem também nossa homenagem, nosso profundo respeito e gratidão. Parabéns a todos que ajudam a construir esta história diariamente. Muito obrigado. “