O SR. LUCAS REDECKER (PSDB) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados: Inicialmente, saúdo a presença das APAEs aqui representadas e, de maneira especial, a de Novo Hamburgo. Em seguida, votaremos a PEC do deputado Adolfo Brito, que, sem dúvida nenhuma, será aprovada por unanimidade. Venho hoje à tribuna para falar sobre um assunto que me deixa muito constrangido e consternado. Na semana passada, em minha cidade, Novo Hamburgo, ocorreu um crime que abalou esse Município e a todo o Vale dos Sinos. Não foi nem uma, nem duas, nem três vezes que este deputado vem a esta tribuna para reivindicar mais segurança para aquela região; nem uma, nem duas, nem três vezes que este deputado vem a esta tribuna para afirmar que, no presídio de Novo Hamburgo, os presos têm o costume de pular o muro do setor do semiaberto para cometer crimes durante a parte da manhã e retornarem à tardinha; e não foi nem uma, nem duas, nem três vezes que saíram na mídia falada, escrita e televisionada as fotos e filmagens dos presos protagonizando essa prática. Passamos por mais de ano sem a solução desse problema. Pois bem, na segunda-feira passada, no Município de Novo Hamburgo, o empresário Gabriel Rodrigues estava na sua casa enquanto a sua esposa chegava por volta das 19 horas, com sua filha dentro do carro. Como ela demorou para entrar, notou que havia algo errado. Quando chegou ao local, deparou-se com um assaltante que havia entrado junto com a abertura do portão da garagem. Gabriel e o criminoso acabaram em luta corporal, sendo este primeiro morto com quatro tiros. Um jovem, de 32 anos, pai de dois filhos, um de 13, outro de cinco anos. Eu o conhecia por ter sido seu contemporâneo, com a mesma minha idade, tendo estudado em minha escola. Era uma pessoa do bem, assim como diversos moradores de Novo Hamburgo que convivem diariamente com a insegurança e o medo do crime que bate à sua porta. A comunidade de Novo Hamburgo está apreensiva. A comunidade de Novo Hamburgo está revoltada. A comunidade de Novo Hamburgo está amedrontada com o que está acontecendo e, por isso, questiona o regime semiaberto. O Jornal NH destaca numa de suas matérias: Mais uma vítima do regime semiaberto. Esse cidadão que assassinou o empresário é apenas um exemplo de diversos presos do semiaberto que acabam cometendo crimes. Setenta por cento dos apenados do semiaberto fogem após a progressão para esse regime. De acordo com a Polícia Civil de Novo Hamburgo, 90% dos crimes cometidos naquela cidade têm algum grau de envolvimento com apenados do presídio semiaberto local. Repito o dado, deputado João Fischer e demais colegas que batalham comigo pela segurança: 90% dos crimes de Novo Hamburgo têm algum grau de envolvimento com presos do regime semiaberto. Ora, Srs. Deputados, algo tem de ser feito. Tem de ser revista a condição do semiaberto da cidade de Novo Hamburgo. Não podemos simplesmente deixar que continuem acontecendo os fatos como estão – reincidência de 75%, envolvimento de 90% nos crimes. Naquele presídio, os presos saem pelo muro e por ele voltam livremente. Ao lado do presídio, no Bairro Rondônia, há uma parte desprovida de arame farpado. É exatamente ali que eles pulam. Isso já foi filmado e transmitido pela televisão. Esses dias, uma senhora que é vizinha desse estabelecimento disse: Eu moro no presídio. Não é um presídio na frente da minha casa. Eu é que moro num presídio, porque não posso abrir a minha porta e tenho de ter grades na minha casa, pois a qualquer momento estão as pessoas cometendo crime por ali. Venho a esta tribuna para registrar a insatisfação, a indignação e a revolta da comunidade de Novo Hamburgo, cidade em que nasci, em que me criei, na qual moro e a qual aqui represento. Temos de fazer algo. A Secretaria da Segurança Pública tem de agir. Precisa aumentar o efetivo e dar condições para que as pessoas tenham a sensação de segurança. Um pai de família, uma pessoa respeitada, com filhos de três e cinco anos, foi a vítima dessa vez de um sistema falido, que não funciona, que não recupera. Muito pelo contrário, que dá condição de piora àquelas pessoas que lá estão. Fica o registro aqui, infelizmente, de algumas coisas que são negativas e ruins e que vivemos no dia a dia das cidades. Neste Parlamento, não tenho dúvida de que vamos aprovar agora a PEC da APAE, aprovar algo favorável que dê um novo horizonte para pessoas que precisam da ajuda e do auxílio do Estado. Este Parlamento está fazendo a sua parte. Muito obrigado. (Não revisado pelo orador.)